Goldman Sachs estima que redução de 1% dos juros do BCE leva a queda de 4,5% da margem financeira

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Os bancos europeus são agora menos sensíveis a cortes nas taxas, segundo os analistas do Goldman Sachs.

Numa nota de research o Goldman Sachs analisou o impacto das recentes alterações das taxas de juro para os bancos da zona euro. A principal conclusão é que uma redução de 100 pontos base nas taxas conduziria a uma redução de cerca de 4%-5% da receita da margem financeira dos bancos.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira que deixou as taxas de juro inalteradas, tal como na última reunião do Conselho de Governadores.

Esta é a segunda pausa consecutiva depois de 10 subidas das taxas de juro, já que a inflação dá sinais de abrandar.

A taxa de depósitos permanece em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juro de refinanciamento fica em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez permanece em 4,75%.

Perante isto os analistas do banco norte-americano dizem que “na nossa recente nota sobre as perspetivas para 2024 (Outlook: Ultrapassar um pico de taxas de taxas máximas), explicamos porque o próximo ano marca um ano de transição para os bancos da área do euro, uma vez que o sector transita para um ambiente de taxas mais baixas, em que a margem financeira é mais estável, as comissões são mais elevadas, os custos operacionais  e o custo do crédito são mais geríveis e suportam um ROTE [rentabilidade] de dois dígitos no médio prazo — um cenário melhor por mais tempo”.

Os analistas prevêem que a mudança para taxas de juro mais baixas apoia um retorno sustentado de dois dígitos sobre o capital tangível (ROTE) no médio prazo.

Desde o final de novembro, as expectativas das taxas de juros diretoras para 2024 e 2025 mudaram significativamente e as discussões dos investidores também abordaram o risco para os lucros dos bancos de a Taxa de Reserva Marginal (MRR) mais elevada e/ou de uma introdução de tecto/s nos depósitos do BCE, refere o banco norte-americano.

Neste relatório, o banco apresenta a sensibilidade padronizada, banco a banco, a uma variação de 100 pontos base nas taxas de juro e pormenorizamos a sensibilidade dos resultados dos bancos a quaisquer potenciais alterações da taxa de juro.

Os analistas do Goldman Sachs prevêem que um movimento de 100 pontos base (bps) nas taxas levaria a um declínio de 4% a 5% na margem financeira, em comparação com um movimento de aproximadamente 7% por 100 bps, em linha com as taxas anteriormente crescentes até agora neste ciclo.

“A nossa análise implica, para a cobertura dos nossos bancos da zona euro, em média, que uma variação de 100 pb nas taxas conduziria a uma descida de cerca de 4% a 5% das receita de margem financeira a partir daqui. O que compara com uma descida de cerca de 7% por 100 pontos base, uma vez que as taxas subiram até à data neste ciclo”, lê-se na análise do Goldman Sachs.

Esta “sensibilidade reduzida” a cortes incrementais reflecte o “aumento da cobertura” que garante o benefício de taxas mais elevadas e o benefício desproporcionado de subidas anteriores, à medida que as taxas directoras saíam do território negativo (particularmente nas margens), afirmou o Goldman numa nota.

Preveem que o tiering “reduziria o montante dos depósitos” no BCE elegíveis para remuneração à taxa de facilidade permanente de depósito

Desde finais de Setembro, o BCE deixou de remunerar as reservas mínimas detidas no banco central, depois de ter pago previamente a taxa da facilidade permanente de depósito.

“Relativamente à MRR (Marginal Reserve Rate)/tiering, estimamos que um aumento de 1 pp na MRR (uma duplicação em relação aos níveis actuais) resultaria numa queda de 1% na estimativa da receita da margem para 2024, uma queda de cerca de 2% no PBT (price to bookvalue)/lucro líquido e uma redução de cerca de 25 pontos base em ROTE – return on tangible equity (base média anualizada)”, lê-se no research.

Já a corretora XTB diz que “a análise da recente decisão do Banco Central Europeu (BCE) em manter as taxas de juro inalteradas sugere uma abordagem cautelosa em relação à redução dos custos de financiamento, apesar da previsão de atingir a meta de inflação até 2025”.

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