Governar (realmente) a pensar nas pessoas

2 dias atrás 25

O primeiro-ministro Luís Montenegro disse esta semana uma frase particularmente certeira: “os extremismos combatem-se com um bom governo”. Dando esperança às pessoas comuns de que a sua vida pode melhorar, mostrando que a degradação dos serviços públicos, a perda de poder de compra e os salários miseráveis não são uma inevitabilidade, se existirem medidas adequadas para promover o crescimento económico e o investimento público de qualidade.

É cedo para saber se as medidas que o Governo de Montenegro tem anunciado, em contrarrelógio, terão esse efeito na população. Com tanta decisão aparentemente tomada em cima do joelho, existe obviamente o risco de algumas não saírem do papel. Mas é de saudar o facto de o Governo estar consciente de que é preciso fazer alguma coisa concreta para melhorar as vidas das pessoas. O pior que um governo pode fazer é ignorar os problemas com que as populações se deparam.

Aquilo a que estamos a assistir em França, por exemplo, é o resultado de décadas de um discurso oficial, partilhado pelas elites, completamente desligado da realidade concreta dos cidadãos, associado a um sentimento de abandono e de medo que tomou conta de grande parte da população. Abandono pelos governantes, que enveredaram por políticas que tornaram cada vez mais incerta a vida dos trabalhadores, dos agricultores, dos comerciantes, dos pequenos empresários e dos jovens. Medo do Outro, seja ele o imigrante que legitimamente procura uma vida melhor ou o terrorista que esfaqueia pessoas na vida pública.

Governar de costas voltadas para as pessoas, dizendo-lhes o que devem pensar e retirando-lhes a esperança de uma vida melhor, só pode dar mau resultado. Os extremistas são os únicos que beneficiam com isso.

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