Governo da Coreia do Sul quer negociar com médicos internos em greve há 10 dias. Mantém-se uma grande manifestação para 3 de março

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Nos hospitais sul-coreanos, a greve levou enfermeiros a fazer procedimentos apenas reservados aos médicos. Após ter convocado uma reunião, o governo admitiu a desmobilização de alguns profissionais.

epa11186116 A Doctor of Gyonggi-do medical association holds a sign reading 'Stop Populism medical policy', during a protest against the government's medical policy, near the presidential office in Seoul, South Korea, 28 February 2024. South Korean hospitals earlier in February turned away patients and delayed surgeries, amid spiking tensions between doctors and the government over the latter's plan to increase the number of medical students. More than half of the country's 13,000 trainee doctors submitted their resignations on 20 February in protest of the plan, citing pay and overworking conditions.  EPA/JEON HEON-KYUNi

Apesar das ameaças, os estagiários convocaram uma grande manifestação para 3 de março

JEON HEON-KYUN/EPA

Apesar das ameaças, os estagiários convocaram uma grande manifestação para 3 de março

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O governo da Coreia do Sul quer iniciar negociações com os médicos internos, em greve há 10 dias em protesto contra políticas governamentais, disse esta quinta-feira o ministro adjunto da Saúde sul-coreano.

Mais de 10 mil médicos estagiários (cerca de 80% do total no país) apresentaram a demissão e quase nove mil abandonaram efetivamente os empregos desde 20 de fevereiro, após o executivo ter anunciado um plano para aumentar as vagas nas escolas médicas.

A greve afetou profundamente o funcionamento dos principais hospitais da Coreia do Sul, obrigando ao adiamento ou cancelamento de procedimentos não urgentes para garantir a resposta a casos de emergência.

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As autoridades alargaram ao máximo o horário de consultas nos hospitais públicos, abriram ao público em geral as urgências dos 12 hospitais militares e deram aos enfermeiros proteção legal para realizarem alguns procedimentos normalmente reservados para médicos.

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“Mandei uma mensagem a solicitar uma reunião [com os representantes dos médicos internos] (…) tenho que ir lá hoje para ver quantas pessoas estarão presentes”, declarou o ministro adjunto da Saúde, Park Min-soo, numa conferência de imprensa.

Na quarta-feira, a Associação de Médicos da Coreia, que representa cerca de 140 mil médicos sul-coreanos, acusou o governo de intimidação, por ameaçar deter, acusar criminalmente e suspender as licenças dos estagiários que não regressassem até esta quinta-feira ao trabalho.

Park Min-soo disse que alguns médicos começaram, esta quinta-feira, a voltar ao trabalho nos hospitais do país. “Observamos uma redução do movimento grevista durante dois dias consecutivos”, disse o dirigente.

Mas o ministro da Saúde, Cho Kyoo-hong, admitiu esta quinta-feira à imprensa sul-coreana que “um retorno em massa ainda não se materializou”. “Imploro-lhes que façam isso pelos pacientes”, disse o governante, acrescentando que os médicos que regressassem ao trabalho antes do prazo limite não seriam punidos.

Apesar das ameaças, os estagiários convocaram uma grande manifestação para 3 de março.

Cho Kyoo-hong sublinhou que o governo está determinado a implementar o plano que aumentaria as vagas nas escolas médicas em 65 por cento, ou mais 2.000 pessoas por ano, a partir de 2025. De acordo com sondagens, a proposta tem um amplo apoio por parte da população da Coreia do Sul.

O governo da Coreia do Sul justifica esta medida como necessária para preparar o país para uma população cada vez mais idosa.

Cerca de 44% dos sul-coreanos terão mais de 65 anos em 2050, de acordo com projeções das autoridades. O governo calcula que faltarão 15 mil médicos para atender às necessidades do país até 2035 se nada for feito.

Mas os médicos opõem-se ao projeto por considerarem que a admissão de mais estudantes nas escolas médicas resultará numa queda no nível profissional dos futuros médicos e que a qualidade dos cuidados será prejudicada.

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