Greve. Falta de trabalhadores traz menos segurança aos alunos nas escolas

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Educação

04 out, 2024 - 16:21 • Redação

Menos vigilância e degradação dos espaços de ensino preocupam os trabalhadores não docentes, que exigem melhores salários e a contratação de mais funcionários.

Centenas de escolas públicas em todo o país fecharam esta sexta-feira devido à greve dos trabalhadores não docentes. Falta de segurança é um dos principais fatores que motiva os funcionários públicos a organizar o protesto, a par de baixos salários e segurança nas escolas.

Rácio é a palavra-chave para quem tenta encontrar uma solução no meio dos problemas criados pelo número insuficiente de trabalhadores não docentes nas escolas públicas. É o caso de Luísa Coelho, funcionária na Escola Secundária de Canelas há 11 anos, que, em conversa com a Renascença, conta que as greves são um acontecimento regular e o número de funcionários é cada vez menor.

Neste caso, a teoria funciona de maneira diferente da prática. A funcionária explica que o rácio, naquela escola em específico, tem 22 funcionários destacados para os mais de 1400 alunos, mas esse número não corresponde à realidade. "Há pessoal com baixa, pessoal com atestado, colegas a faltar há mais de um ano [...] É muito complicado", lamenta.

"Por muito que queiramos trabalhar, não se consegue, porque não há pessoal." E essa é a maior reivindicação desta paralisação: a exigência de mais assistentes operacionais e técnicos nas escolas.

"É tudo absolutamente surreal"

A sobrecarga de trabalho é também um dos problemas que foi crescendo ao longo dos anos e que, atualmente, é a maior consequência do baixo número de pessoal não docente.

O número de funcionários e de horas de trabalho desce, mas o volume de trabalho mantém-se intacto. "Agora tenho menos horas, mas tenho o serviço todo na mesma", denuncia Luisa Coelho, acrescentando ainda que se faz "muito com muito pouco".

Além disso, considera perigoso não haver mais vigilância no recinto escolar. Uma das situações que mais a preocupa, dentro da falta de pessoal, é o acompanhamento dos alunos do ensino especial.

Num exemplo mais prático, conta que recentemente havia um aluno no espectro do autismo e que quando apanhava um portão aberto, fugia. "Eu tenho que fechar a portaria e as pessoas ficam ali à espera, mas eu não tenho hipótese", lamenta.

A falta de segurança não se restringue só à vigilância, mas também às condições degradadas da escola. "Aquilo estava um perigo", diz a funcionária enquanto aponta para uma grande máquina no meio do corredor principal e com acesso vedado.

Conta que aquela máquina serve para sugar a água da chuva de dentro da escola, um problema que se arrasta há meses. "Chove em todo o lado, é muito perigoso. Já não é primeira nem a segunda professora que cai", expõe.

As denúncias da falta de segurança ao município de Gaia multiplicam-se, mas a resposta parece tardar em chegar. "Dar ordens eles dão, mas mandar pessoal não mandam", atira.

De forma direta, Luisa só encontra uma frase para descrever a situação atual dos trabalhadores não-docentes: "É tudo absolutamente surreal."

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