A Guardia Civil espanhola deteve 14 pessoas, pertencentes a um grupo criminoso que lucrava com contratos ilegais para a trasladação de corpos de migrantes que morriam no mar.
Num comunicado, divulgado esta quarta-feira, a Guardia Civil explica que no âmbito desta investigação levou ainda a cabo 13 buscas domiciliárias em Múrcia, Almeria e Jaén, onde foram apreendidos quase 70 mil euros em dinheiro, veículos e documentação.
"A rede estaria a lucrar há anos à custa dos familiares, que vivem em Marrocos e na Argélia, de pessoas desaparecidas que morreram no mar quando tentavam chegar à costa espanhola em pequenas embarcações", lê-se.
Tudo começou através das redes sociais, "geralmente com perfis falsos", com os quais os membros do grupo "contactavam as famílias oferecendo-lhes informações falsas sobre o paradeiro dos seus entes queridos em troca de dinheiro".
"Posteriormente, quando tomavam conhecimento de um naufrágio, voltavam a contactar a família para lhes pedir os dados pessoais dos desaparecidos, a fim de efetuarem uma falsa busca dessas pessoas, acompanharem as famílias na apresentação de queixa, arranjarem amostras de ADN para a identificação do corpo e serviços de tradução", revela a mesma nota. Tudo isto, "com a exigência de pagamento prévio com o argumento de que era a única forma de proceder em Espanha à identificação e repatriamento dos corpos".
Enquanto o contacto com as famílias era feito através das redes sociais, os suspeitos extraíam informação sobre a identificação dos cadáveres "com a colaboração e envolvimento de funcionários de algumas instituições públicas relacionadas com o processo de identificação, como um Instituto de Medicina Legal".
"Uma vez na posse de informações sobre como atuar na gestão da identificação de cadáveres, tais como fotografias dos corpos, forneciam-nas às famílias para que estas assinassem autorizações para que as agências funerárias envolvidas no esquema assumissem o contrato em regime de exclusividade", refere a Guardia Civil.
Os agentes da Guardia Civil iniciaram esta operação "quando detetaram várias destas fotografias na Internet". Após a investigação, "conseguiram identificar o líder do grupo, um indivíduo de origem marroquina, e os seus principais membros em Múrcia e Almeria".
O homem usava os seus contactos nas comunidades de origem norte-africana "para fazer com que as famílias confiassem na sua palavra, dizendo-lhes que não havia outra forma de repatriar os cadáveres dos seus falecidos, acumulando um grande número de contactos entre empresas funerárias e entidades relacionadas com a identificação e repatriamento de cadáveres".
Dos 14 detidos, dois deles ficaram em prisão preventiva após serem presentes às autoridades judiciárias.
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