Grupos russos pró-ucranianos prometem "segunda frente" de ataque

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Desde a semana passada, estes grupos reivindicaram várias infiltrações nas regiões fronteiriças russas de Belgorod e Kursk, embora o Exército de Moscovo tenha indicado que conseguiu repelir os seus ataques.

Durante uma conferência de imprensa em Kiev, estes combatentes pró-ucranianos e anti-Kremlin (presidência russa) deixaram a promessa de que a sua luta vai continuar e será alargada a "outras cidades" russas.

"Não é, sem dúvida, exagero dizer que abrimos uma segunda frente, ao levar a cabo ações militares em grande escala em território inimigo", disse Denis Nikitin, líder de um destes grupos, o Corpo de Voluntários Russos, numa fase em que as tropas de Kiev enfrentam falta de armamento e de munições para conter a superioridade russa nas linhas de combate no leste do país.

Ligado à extrema-direita e ao universo do hooliganismo, Denis Nikitin declarou como seu objetivo "hastear a bandeira" do seu grupo no Kremlin e estabelecer um "governo de orientação nacionalista" em Moscovo.

As operações destas milícias aliadas de Kiev aumentaram a pressão sobre cidades e localidades russas próximas da Ucrânia, que têm sido também sujeitas a bombardeamentos mortíferos em retaliação aos ataques de Moscovo em território ucraniano.

O Corpo de Voluntários Russos conduz as suas operações armadas com o Batalhão Siberiano, bem como com a Legião da Liberdade Russa.

Este terceiro grupo, com um programa conservador mais moderado, espera atrair apoiantes russos de Alexei Navalny, o principal opositor do Kremlin, que morreu na prisão em fevereiro.

Os combatentes têm divulgado vídeos nas redes sociais nos quais são vistos fortemente armados e instalados em viaturas blindadas a disparar no que dizem ser soldados de Moscovo em território da Rússia, apesar de estas alegações não poderem ser de imediato verificadas de forma independente.

Segundo Denis Nikitin, estas infiltrações terrestres, que começaram um pouco antes das eleições presidenciais russas, que decorreram entre 15 e 17 de março, deverão obrigar a Rússia a retirar os soldados da frente no leste da Ucrânia para que possam defender as regiões fronteiriças.

Para estes combatentes, as operações militares constituem também a única forma de transformar o seu país, onde Vladimir Putin acaba de ser eleito para um quinto mandato presidencial até 2030, e onde nenhuma dissidência é tolerada, mesmo que as populações civis fronteiriças corram o risco de pagar um preço.

"Manifestações pacíficas não funcionam", argumentou um dos membros do Batalhão Siberiano, que se apresentou sob o seu nome de guerra "Kholod" ("Frio" em russo).

Alexei Baranovsky, outro combatente, disse ter o "apoio" das autoridades ucranianas.

"A infraestrutura militar da nossa unidade está interligada com as estruturas das Forças Armadas Ucranianas e do Ministério da Defesa", assegurou Denis Nikitin.

No entanto, segundo admitiu Nikitin, estes grupos, que já tinham realizado pequenas incursões do mesmo tipo no verão passado, "não são suficientemente fortes" neste momento para assumir um controle duradouro de localidades russas.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Vladimir Putin, que venceu as presidenciais sem oposição credível e independente nos boletins de voto, reforçou a repressão à liberdade de expressão e de imprensa e manifestações antiguerra são punidas com prisão.

No entanto, em 23 de junho do ano passado, o então líder do grupo mercenário Wagner e antigo aliado de Putin, Yevgeny Prigozhin, encetou uma rebelião armada contra as chefias militares russas, que acusava de traição, tendo uma marcha das suas forças sido detida quando se dirigia para Moscovo por intermediação do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

Como resultado de um acordo, Prigozhin foi autorizado a deslocar-se com os seus mercenários para a Bielorrússia, mas acabou por morrer num desastre aéreo em agosto quando seguia num jato privado que fazia a ligação entre Moscovo e São Petersburgo.

Embora todas as suspeitas apontassem para um atentado promovido pelo Kremlin, Vladimir Putin rejeitou responsabilidades mas ganhou também a fama de implacável quanto a dissidências internas.

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