Guru de evento onde morreram 121 pessoas na Índia entregou-se à polícia

2 meses atrás 77

"Devprakash Madhukar, que foi citado na queixa no caso Hathras, onde é listado como o principal organizador, entregou-se à polícia", disse o advogado A.P. Singh num vídeo publicado hoje na rede social X.

"Prometemos que não pediremos nenhuma fiança antecipada, nem iremos a nenhum tribunal, porque o que é que fizemos, qual é o nosso crime?", acrescentou o advogado, afirmando que o testemunho do seu cliente, que se entregou em Nova Deli na noite passada, permitirá às autoridades "realizar uma investigação exaustiva".

Madhukar foi o principal acusado da debandada que ocorreu na passada terça-feira durante um evento religioso no distrito de Hathras, no Estado de Uttar Pradesh, onde cerca de 250.000 fiéis se deslocaram para ouvir o sermão e pedir as bênçãos do guru local Bhole Baba, cujo paradeiro é desconhecido.

O nome do pregador -- um antigo polícia que se tornou líder espiritual - não consta da queixa, divulgada pelos meios de comunicação social indianos, embora a polícia tenha afirmado que está sob investigação.

Numa declaração em vídeo transmitida hoje pelos canais de televisão indianos, Bhole Baba diz-se "profundamente angustiado" com a tragédia e convencido de que os responsáveis pela catástrofe serão punidos.

"Que Deus nos dê a força para suportar esta dor", afirmou o guru, vestido de branco, na sua primeira reação pública desde o incidente, sem que tenha sido possível determinar o local onde falava.

Bhole Baba não aparece em público desde a catástrofe. O seu advogado disse à agência noticiosa AFP, na quinta-feira, que o pregador não estava a esconder-se da polícia, mas recusou-se a revelar o seu paradeiro.

De acordo com os meios de comunicação social locais, o pregador retirou-se para um mosteiro próximo, no Estado de Uttar Pradesh, cujas portas foram fechadas com correntes no interior por devotos.

Cerca de 20 agentes da polícia ficaram de guarda no exterior do mosteiro após o tumulto, mas não entraram no recinto, que está rodeado por um muro de cinco metros de altura.

O total de participantes na reunião religiosa de terça-feira foi o triplo do número inicialmente estimado pelos organizadores para receberem a respetiva autorização, uma situação que as autoridades dizem ter contribuído para a subsequente debandada em que morreram 121 pessoas, a maioria das quais mulheres.

Os organizadores da cerimónia fugiram após a avalanche humana, incluindo Madhukar, sobre quem pendia um mandado de captura, oferecendo as autoridades uma recompensa de 100.000 rupias (cerca de 1.200 dólares) pela sua detenção.

As primeiras detenções relacionadas com o incidente foram efetuadas na quinta-feira, quando a polícia prendeu seis voluntários da organização.

As debandadas são ocorrências frequentes nas celebrações religiosas indianas e devem-se, em grande parte, à má gestão dos ajuntamentos de pessoas ou às deficientes infraestruturas nos locais de culto.

É preciso recuar a setembro de 2008 para encontrar um movimento de multidões mais mortífero do que o desta semana, quando pelo menos 150 pessoas morreram e outra centena e meia ficou ferida numa avalanche humana à entrada de um templo na cidade de Jodhpur, no Estado indiano de Rajasthan.

Leia Também: Seis detidos, 121 mortos e guru em fuga. A debandada na Índia em imagens

Ler artigo completo