"Há sempre margem para negociar", diz ministra da Saúde

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Saúde

06 jul, 2024 - 15:03 • Alexandre Abrantes Neves

Ana Paula Martins recusou ainda comentar a situação no INEM. Já o bastonário da Ordem dos Médicos teme que a greve geral da FNAM provoque ainda mais constrangimentos nos hospitais.

A ministra da Saúde reforça que “há sempre margem” para negociar com os médicos.

À margem da tomada de posse dos órgãos sociais da Ordem dos Médicos Dentistas esta tarde, Ana Paula Martins recusou comentar a greve geral marcada pela Federação Nacional dos Médicos, sublinhado apenas que o governo se mantém disponível para negociar.

“Há sempre margem para negociar com as profissões. Temos a porta completamente aberta. As reuniões decorreram muito bem e estamos com muita esperança nestas negociações”, frisou à saída do auditório da Fundação Champalimmaud.

Questionada ainda sobre os ajustes diretos nos helicópteros do INEM, a ministra da Saúde preferiu não falar sobre o tema. Ana Paula Martins disse querer focar-se, em vez disso, nos nos médicos dentistas e no " trabalho muito importante que fazem há décadas e décadas, sem haver, de facto, de forma consistente um plano de saúde oral".

Vítor Almeida é o próximo presidente do INEM

Os órgãos sociais da Ordem dos Médicos Dentistas tomaram posse este sábado para um mandato que dura até 2028. O bastonário reeleito, Miguel Pavão, sublinhou no discurso a necessidade de dar mais atenção à saúde oral.

“E sem que a saúde oral tenha sido incluída, a meu ver mal, no plano de emergência e transformação na saúde, está na hora de, uma vez por todas, pormos em marcha um plano de saúde oral para os portugueses, corrigindo um lapso que tem persistido desde o início da democracia no nosso país e que impede o acesso universal a um direito que devia ser de todos”, apelou.

Greve pode acentuar constrangimentos, avisa Ordem dos Médicos

Também a marcar presença no evento, o bastonário da Ordem dos Médicos alertou que a greve geral pela FNAM pode vir a acentuar os constrangimentos sentidos nos hospitais, explicando que “qualquer pequena alteração vai ter impacto sobre o acesso aos serviços”. Carlos Cortes afirma, ainda assim, entender as razões dos sindicatos.

“No Serviço Nacional de Saúde (SNS), há falta de condições de trabalho: a reformulação da carreira médica, condições de trabalho adequadas, condições de formação para os médicos, a questão da dignificação remuneratória. Eu compreendo esta necessidade dos sindicatos de quererem rapidamente colocar em cima da mesa todas estas matérias”, apontou.

Sobre os constrangimentos nas urgências – que se voltam a sentir em força este fim-de-semana, principalmente no Algarve –, Carlos Cortes lamenta que os “sucessivos governos sejam sempre apanhados de surpresa com o verão e o inverno”.

O bastonário da Ordem dos Médicos aponta o dedo ao ministério da Saúde e aos hospitais por apresentarem os planos de contingência “lamentavelmente muito tarde”. Ainda assim, e na visão do bastonário, a solução não passa pela elaboração de planos, mas sim por tornar a carreira médica mais atrativa.

“Não há nenhum plano que seja capaz de sustentar aquilo que está a acontecer no SNS. O que o país precisa não são planos – são intervenções, precisamente para que o SNS seja mais atrativo e que tenha os médicos que necessita e que neste momento não tem”, defendeu.

Esta semana, o coordenador do Plano de Emergência para a Saúde, Eurico Castro Alves, previu que, no prazo de um ano, haja “uma grande cobertura nacional” de médicos de família.

“É uma previsão que pode ser difícil de cumprir. Se o governo se empenhar nos cudiados de saúde primários, é possível. Se o número de jovens médicos que estão a acabar a especialidade integrem os quadros do SNS é possível que este número assustador de um milhão e 600 mil portugueses sem médico de família possa der substituído”, rematou.

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