Há três certezas na vida: "morte, impostos e a Nvidia superar as expectativas". E a gigante dos 'chips' voltou a disparar em bolsa

4 meses atrás 70

A empresa de chips Nvidia voltou a surpreender Wall Street com a divulgação dos resultados trimestrais, apresentando subidas homólogas de três dígitos nas receitas (+262%) e no lucro (628%) e com um aumento de dividendos (+150%) na calha. Números que levaram a empresa norte-americana a disparar em bolsa, já depois do fecho de sessão nos Estados Unidos para acima dos 1000 dólares por ação, um novo recorde.

“A próxima revolução industrial já começou”, começou por anunciar o CEO (presidente executivo) da empresa, Jensen Huang, na apresentação de resultados. “A inteligência artificial traz significantes ganhos de produtividade para quase todas as indústrias e ajuda empresas a serem mais eficientes, ao mesmo tempo que expande as oportunidades de gerar mais receitas”, acrescentou.

A escassez de chips em todo o mundo e a explosão da inteligência artificial criaram o ambiente perfeito para esta empresa norte-americana brilhar. Só este ano, a Nvidia acumula um ganho de mais de 100% em bolsa, o que significa que mais do que duplicou o seu valor no espaço em menos de meio ano.

Nvidia disparou em bolsa no último ano

Cotação das ações, em dólares

“Morte, impostos e Nvidia superar as expectativas do mercado”, disse Ryan Detrick, analista da Carson Group, citado pela Reuters, referindo-se às três coisas certas na vida. “Mesmo com grandes expectativas, a empresa conseguiu uma vez mais dar um passo em frente e surpreender”, comentou.

Numa nota de análise publicada esta manhã pela consultora portuguesa BA&N, pode ler-se que “a Nvidia publicou mais um conjunto de resultados espetaculares, justificando o estatuto de estrela do rally [fenómeno de corrida à compra de ações] em Wall Street e cotada mais influente dos mercados mundiais. Os números apresentados pela fabricante de chips validam a euforia com a evolução da Inteligência Artificial”.

As receitas trimestrais superaram os 26 mil milhões de dólares (o equivalente a 24 mil milhões de euros), ao passo que o lucro se fixou nos 14,8 mil milhões de dólares (13,6 mil milhões de euros), no trimestre terminado em abril.

Receitas trimestrais da Nvidia em alta

Valores em milhões de dólares

As receitas geradas pelos data centers (+427%) impulsionaram o entusiasmo dos mercados, batendo um novo recorde nos 22,6 mil milhões de dólares (20,8 mil milhões de euros). No segmento de gaming, as receitas fixaram-se nos 2,6 mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de euros), uma subida de 18% em termos homólogos.

Dividendo sobe e ações dividem-se

Dado o recente desempenho da empresa, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, anunciou um aumento do dividendo a ser distribuído pelos acionistas de 0,04 dólares para os 0,10 dólares por ação e ainda uma operação de stock split de 10 para 1.

Ou seja, haverá uma divisão dos títulos da empresa em que uma ação atual é desdobrada em 10. Significa que quem for dono de um título da Nvidia, depois do fecho de sessão do dia 7 de junho, recebe mais nove ações.

Este desdobramento das ações aumenta a especulação no mercado sobre uma entrada no Dow Jones, para além de estar cotada no índice Nasdaq, juntando-se a outras gigantes tecnológicas como a Apple ou a Microsoft.

Neste momento, a empresa é a terceira mais valiosa do mundo em termos de avaliação de mercado, apenas atrás da Microsoft e da Apple, valendo cerca de 2,3 biliões de dólares (2,12 biliões de euros). Supera empresas como a Alphabet (dona da Google), a petrolífera Saudi Aramco, a Amazon, a Meta (ex-Facebook) e a Berkshire Hathaway.

Uma questão de expectativas

A empresa tem conseguido bater as expectativas do mercado uma e outra vez e agora o grande teste será perceber que margem é que existe para que tal continue a acontecer. Para o próximo trimestre fiscal, a expectativa volta a estar alta, uma vez que segundo as suas projeções prevê uma nova subida de receitas trimestrais para 28 mil milhões de dólares (25,8 mil milhões de euros).

Em março, depois de a empresa revelar o seu novo chip chamado Blackwell, as expectativas do mercado voltaram a reforçar-se graças aos comentários do administrador financeiro da empresa, Colette Kress, que disse que a procura por estes novos semicondutores iria exceder a oferta “a partir do próximo ano”.

Ontem, na apresentação de resultados, o CEO voltou a alimentar esta expectativa dizendo que a Nvidia estava a “posicionar-se para a próxima onda de crescimento”, adiantando que os novos semicondutores estavam em “produção total”.

Os chips que atualmente a Nvidia comercializa, os H100, são os mais procurados no mercado para responder à inovação tecnológica trazida pela inteligência artificial e tornaram-se famosos pelo sucesso do ChatGPT, o chatbot da OpenAI, financiado também pela Microsoft.

Neste momento, o mercado de semicondutores é dominado por duas grandes empresas: a norte-americana Nvidia, que desenha cerca de 90% dos chips com tecnologia de inteligência artificial, e a TSMC, empresa sediada em Taiwan, especializada no fabrico destes produtos.

Agora, e depois de mais uma série de resultados aplaudidos por Wall Street e de toda a expectativa criada com o novo chip, resta saber se a empresa tem ainda margem para voltar a surpreender.

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