Andava a guardar isto para mim há algum tempo. Mas agora que já conhecemos o novo Porsche 911 GT3 (geração 992.2) tenho mesmo de partilhar.
Olhem para o quadrante do novo Porsche 911 GT3. Não sentem falta de nada? Eu sinto. De um ponteiro de rotações físico. De um conta-rotações à séria.
Caso ainda não tenham reparado, nesta geração 992.2 a Porsche decidiu abolir o quadrante híbrido, meio digital/meio analógico, que estava presente na geração 992. Tinha todas as funções relativas ao GPS, infoentretenimento, acerto do chassis, velocidade, etc, e ao centro tinha um conta rotações físico.
Era a manifestação mais visual da existência de um motor de combustão atrás das nossas costas. Há algo entusiasmante e difícil de explicar na manifestação física, diante dos nossos olhos, daquilo que está acontecer com o nosso motor.
© Porsche Antes do facelift era assim. Uma mescla entre tradição e tecnologia no Porsche 911.Se estivesse a falar de um carro convencional, pouco importava. Mas estamos na presença de um carro que vende isso: a experiência mecânica. E, quanto a mim, a experiência ficou mais pobre.
A utilização recorrente de imagens do conta-rotações em filmes, anúncios e até nos vídeos do nosso canal de YouTube são a prova de que aquele pequeno ponteiro transmite alguma coisa. O motor é mecânico e o ponteiro também. É o casamento perfeito.
© PorscheEstou a ser picuinhas com os ponteiros? Aceito a crítica. Mas olhem para o centro do tabliê dos Porsche. Se o Sport Chrono Package fosse digital tinha a mesma piada?
Ainda pensei que as versões mais orientadas para a performance, como o Porsche 911 GT3 agora apresentado, tivessem um quadrante diferente, mas não têm. Também é 100% digital. Caiu por terra a minha esperança.
Haverá exemplos de bons quadrantes digitais que transmitem essa mesma euforia, como por exemplo o quadrante do Honda S2000 ou do Lexus LFA (reza a lenda que o ponteiro não conseguia acompanhar a alegria do motor). Ou mesmo as barras de led nos volantes com inspiração no mundo da competição. Mas contam-se pelos dedos…
© Honda A Honda foi das poucas marcas que conseguiu dar identidade a um conta-rotações sem recorrer ao tradicional ponteiro.E atenção, não sou nada apegado ao passado. Acreditem que se a Porsche desse ouvidos aos seus clientes mais fanáticos, provavelmente hoje já não existia ou ainda produzia motores refrigerados a ar. Mas há pequenos códigos, pequenos rituais, que definem um desportivo e a experiência de condução. Ver um conta rotações físico a mexer, na minha opinião, é um deles.
Entre uns gráficos bem produzidos, plenos de manifestações de luzes e animações e a subida decidida de um ponteiro rumo ao redline, acho que não preciso de dizer qual é que prefiro. Se vou continuar a sonhar com um Porsche 911? Seguramente que sim, mas esta é uma daquelas soluções que não me importava que fossem revistas.
Agora gostava de saber a vossa opinião. Enquanto isso, vou rever este vídeo, num teste efetuado ao Porsche 911 mais modesto de todos: