Hezbollah nega ter escolhido Hashem Safi al-Din como sucessor de Nasrallah

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Reuters

O exército israelita anunciou no sábado a morte do líder do movimento islamita armado libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, num ataque na sexta-feira à sede da organização em Beirute. No domingo, a comunicação social saudita avançou com a informação de que Hashem Safi al-Din tinha sido eleito chefe do Conselho Executivo do Hezbollah. Mas o grupo xiita libanês veio negar, esta segunda-feira, a nomeação do clérigo para secretário-geral do movimento político e armado da organização.

De acordo com os analistas, o candidato mais óbvio para suceder a Nasrallah é Hashem Safi al-Din, que preside o conselho executivo do Hezbollah. Primo de Nasrallah, Safi al-Din nasceu em 1964 no sul do Líbano e é outro membro fundador do movimento.

Segundo o canal internacional de notícias em árabe, citado pela agência espanhola EFE, o conselho do Hezbollah já tinha escolhido Safi al-Din como sucessor de Hassan Nasrallah. Também os media libaneses indicavam que Safi al-Din, que atualmente lidera o conselho executivo da organização, já tinha sido designado como sucessor de Nasrallah em 2008, mas qualquer decisão oficial exigia uma ratificação do Conselho Shura do Hezbollah.

Esta segunda-feira, o Hezbollah negou a informação sobre a nova liderança do grupo xiita divulgada pela comunicação social com base em informações da imprensa saudita.

"Em resposta às notícias que têm circulado em alguns meios de comunicação social sobre os procedimentos organizacionais dentro da liderança do Hezbollah (...) queremos esclarecer que a informação relacionada não é importante e não pode ser considerada válida até que seja emitida uma declaração oficial", assegurou o grupo, na plataforma de mensagens Telegram.

Quem é Safi al-Din?

Safi al-Din nasceu em 1964 no sul do Líbano e tem estado próximo da direção do Hezbollah desde 1995, como membro do Conselho da Shura (órgão consultivo) do movimento. Embora o grupo não confirme a eleição, é a segunda vez que o clérigo é apontado como possível sucessor ao cargo.

Fez os seus estudos islâmicos nas cidades sagradas de Najaf, no Iraque, e Qom, no Irão, onde se situam as principais escolas para quem aspira a tornar-se Grande Ayatollah, um dos mais altos títulos entre os islamitas xiitas.

Considerado um poderoso orador público, Safi al-Din é popular dentro da organização e entre os apoiantes em Teerão.

“Pode levar uma guerra, duas guerras, três guerras, múltiplos confrontos, confronto militar, o sacrifício de mártires, carregar o fardo, lidar com as consequências, mas, no final das contas, [Israel] deve chegar ao fim”, declarou no ano passado.

De acordo com Naveed Ahmed, um analista de segurança citado pelo Guardian, é impossível para já prever quem será o novo líder do Hezbollah, considerando que o grupo xiita libanês não tem interesse em declarar publicamente quem elegeu.

Como a maioria dos altos responsáveis do Hezbollah - organização considerada terrorista por Israel e pelos Estados Unidos, mas não pela União Europeia, que apenas considera o seu braço armado uma organização terrorista -, Safi al-Din foi classificado como terrorista pelo Governo norte-americano em 2017, por ser "um membro-chave" do grupo, segundo uma nota então publicada pelo Departamento de Estado.

Uma das suas últimas intervenções públicas foi em meados de setembro, quando condenou o assassínio por Israel do comandante máximo da milícia do Hezbollah, Fuad Shukr, num bombardeamento seletivo nos bairros do sul de Beirute conhecidos como Dahye, a mesma zona onde Israel anunciou ter matado Nasrallah.

Cerca de um milhão de pessoas fugiram das suas casas nos últimos dias no Líbano devido à campanha de bombardeamentos israelita, anunciou no domingo o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, recordando que o seu Governo anda há "sete ou oito meses" a apelar para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e no Líbano.

No domingo, o Exército israelita prosseguiu a sua campanha de violentos bombardeamentos contra bastiões do Hezbollah no Líbano, matando pelo menos 105 pessoas, dois dias após a morte do líder e de dezenas de outros membros do movimento islamita libanês.

Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 70 mil libaneses e sírios que viviam no Líbano fugiram do país, a maioria dos quais atravessando a fronteira para a Síria, em consequência da intensificação dos bombardeamentos israelitas.

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