Highbury, a mítica casa do Arsenal é hoje... um lote de apartamentos inspirado nos gunners

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Pensar no Arsenal nos dias que correm é associar ao Emirates Stadium, uma das mais famosas casas de futebol do mundo moderno, mas esta está longe de ser a casa mais famosa e histórica dos gunners. Esse papel pertence (ou pertencia) ao mítico Arsenal Stadium, comummente conhecido apenas por Highbury, pela zona onde estava inserido.

A história do Arsenal é já longa. Afinal, falamos de um clube nascido em 1886. E a sua ligação a Highbury começou bem cedo, em 1913, quando o clube, na altura ainda chamado Woolwich Arsenal, se mudou do Manor Ground em Plumstead, sudeste de Londres, para Highbury, alugando os campos recreativos do St John's College of Divinity por 20 mil libras.

O novo estádio foi construído à pressa nesse verão, projetado por Archibald Leitch e custou 125 mil libras, estreando-se na primeira partida do Arsenal na temporada 1913/14, uma vitória sobre o Leicester por 2-1, com a curiosidade do primeiro golo daquele recinto ter sido da equipa adversária. Muito mudou desde então - até porque a década de 1930 trouxe grandes remodelações no estádio, cujo terreno passou a pertencer efetivamente ao Arsenal - e a história ali foi sendo escrita, tanto pelo clube (ali conquistou a larga maioria dos seus 48 títulos), como pelo desporto mundial (recebeu os Jogos Olímpicos de 1948).

A despedida de Highbury

A década de 90 e viragem para o século XXI trouxeram sucesso ao Arsenal (principal rival do Manchester United na Premier League), mas o seu modesto Highbury - cada vez mais modesto até, fruto das obras a que foi obrigado a fazer em certas zonas, incluindo fechar certas bancadas - começou a ser pequeno e o clube planeou a mudança para um novo estádio, mais moderno e rentável financeiramente. Foi assim que surgiu o Emirates Stadium, casa do Arsenal desde 2006, localizado a apenas 500 metros do estádio antigo.

A despedida oficial de Highbury surgiu no último jogo da Premier League 2005/06, com o estádio absolutamente lotado e cheio de emoção a cada passo dado no relvado verdejante cheio de história. A época até não foi de feição (Arsenal terminou em quarto na Premier League), mas a despedida do estádio foi feliz, com uma vitória por 4-2 sobre o Wigan Athletic, um hat-trick do mítico Thierry Henry e o último golo daquele estádio a pertencer precisamente ao antigo avançado francês.

«Esta foi a despedida perfeita. Quando beijei o chão depois do terceiro, estava a despedir-me deste estádio», afirmou Henry, no final da partida.

Viver num antigo estádio da Premier? É possível

E afinal, o que é feito do estádio em Highbury? Após a sua despedida, o Arsenal realizou um leilão para vender muitas das partes do estádio, incluindo pedaços do campo, as traves e a mesa do ex-técnico George Graham, embora a venda dos assentos tenha sido cancelada, após terem descoberto que estes continuam vestígios de cádmio, um metal tóxico.

Após alguns anos parado e descaracterizado aos olhos do público que por ali passava, o projeto de renovação de utilização do espaço arrancou e, em 2010, o Arsenal Stadium foi reformado e convertido num lote de apartamentos, conhecido como «Highbury Square», com um total de 711 imóveis construídos no local, estacionamento subterrâneo, um jardim onde em tempos estava o relvado e até elementos de fornecimento aos moradores, como creche.

Relógio no Emirates Stadium @Getty /

E o que sobrou do Estádio? É uma boa pergunta. A essência ainda está lá, assim como a história, até porque o projeto aproveitou as fundações das bancadas Este e Oeste, que hoje são uma mescla de memória do que ali foi vivido durante 93 anos e parte integrante dos novos apartamentos. As bancadas Norte e do relógio foram, por sua vez, demolidas para a construção e expansão destes empreendimentos, mas hoje ainda é possível ver o famoso relógio de Highbury no topo das bancadas do Emirates Stadium, para que a história esteja sempre presente.

Portanto, se quiser viver em Inglaterra e num pedaço de história futebolística, o Highbury Square Stadium é uma boa opção. Os preços, no entanto, são menos convidativos e superiores aos já excessivos que são praticados no mercado imobiliário português: em 2023, em média, cada apartamento custava 552.900 libras, o equivalente a cerca de 647 mil euros.

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