Hospitais de Gaia e Santa Maria da Feira querem reduzir pulseiras verdes e azuis nas urgências

6 meses atrás 72

País

Depois do projeto piloto que arrancou na Póvoa de Varzim no ano passado, que consistia em doentes não-urgentes ligarem para a linha Saúde 24 antes de se dirigirem ao hospital, é a vez dos hospitais de Vila Nova de Gaia e de Santa Maria da Feira. O projeto arranca na próxima terça-feira.

Depois dos resultados conseguidos no hospital da Póvoa de Varzim, que em sete meses retirou do serviço 24 500 "falsas urgências" e conseguiu aumentar para 80% o número de doentes referenciados pela linha Saúde24, alarga-se agora a experiência a Vila Nova de Gaia, que atende 500 episódios diários e tem dias que chega próximo dos mil. 30% destes doentes não são urgentes, e a maioria vem por conta própria.

"Em cada dez pessoas que entram pela porta de urgência, apenas um ou no máximo dois, ligaram para a linha Saúde24 antes de entrar. Esse é o nosso objetivo - passar a ser ao contrário. Que em 10, os 10 liguem sempre que possível para a linha antes de sair de casa, para que no dia em que mais precisar, não ter de esperar, que nesse dia não haja fila de espera para isso. Ninguém nos vai perdoar que tenhamos um enfarte na sala de espera que esteve meia hora à espera de ser atendido", indica Rui Guimarães, presidente do Conselho de Administração do Hospital de Vila Nova de Gaia.

Há quatro anos que o hospital tem vindo a pedir, de forma voluntária, aos doentes não urgentes que optem por consulta nos cuidados primários, mas os resultados foram tímidos em 2023.

"Apenas 20%, ou menos do que isso, das pessoas a quem foi proposto aceitou, mas desses 20% que aceitaram, 80% ficaram muito satisfeitos. O que muda neste projeto é que nós passamos de uma base de aceitação e de proposta para um modelo em que esse é que é o referencial. Ou seja, a pessoa tem mesmo de fazer a sua triagem telefónica antes de chegar à urgência", explica Guimarães.

A partir da próxima terça feira, quem chegar à urgência de Gaia sem referência prévia, não sendo grave, será mesmo encaminhado para uma consulta nos cuidados primários.

A Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga também embarca nesta fase de alargamento do projeto. Atende, em média, 700 doentes por dia - 42% por cento são casos não-urgentes e apenas 5% chegam referenciados pela linha Saúde24.

"Se conseguíssemos fazer com que estes 5% que atualmente recorrem na sequência de uma referenciação do SNS24 chegassem aos 50% nos primeiros seis meses, acho que teríamos um grande sucesso. É para isso que estamos a trabalhar, estamos a fazê-lo desde logo reforçando a capacidade de resposta em consulta de recurso nos cuidados de saúde primários, seja com mais consultas, seja inclusivamente criando um novo serviço de atendimento complementar, que irá funcionar no Centro de Saúde de Santa Maria de Lamas", disse Miguel Paiva, presidente do Conselho de Administração da ULS entre Douro e Vouga.

A nova metodologia, que será devidamente explicada aos utentes, arranca na próxima semana na urgência médico-cirúrgica do Hospital de S. Sebastião, em Santa Maria da Feira, e nos serviços de urgência básica em S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Arouca.

Ler artigo completo