Hospitais públicos: mais cirurgias e mais utentes em lista de espera

9 meses atrás 84

De acordo com dados da ERSE divulgados esta quinta-feira, entre janeiro e junho de 2023 foram realizadas 278.904 cirurgias programadas, mais 5% do que no período homólogo de 2022. Em lista ficaram 183.541 utentes, mais 10% do um ano antes na mesma altura. Listas de espera para cirurgia também cresceram em oncologia e doença cardíaca.

Os hospitais públicos realizaram 278.904 cirurgias (não incluindo as cirurgias de cardiologia, nem oncológicas) no primeiro semestre de 2023, o que representa um aumento de 5% face ao primeiro semestre de 2022, revela a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) esta quinta-feira, 11 de janeiro.

De acordo com os dados, verificou-se uma diminuição de 2 pontos percentuais no incumprimento do tempo de espera, face ao período homólogo de 2022. A ERS também apurou que 11% dos utentes foram sujeitos a tempos de espera superiores aos Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG).

No final do primeiro semestre (30 de junho de 2023) havia 183.541 utentes em espera na Lista de Inscritos para Cirurgia (LIC) programada de outras especialidades, o que traduz um aumento de 10% no número de utentes em espera, dos quais 14% com espera superior aos TMRG.

Entre janeiro e junho de 2023 foram realizadas 16.136 cirurgias programadas em prestadores protocolados e 12.219 em hospitais de destino, revela a ERS, segundo a qual o  incumprimento dos TMRG nas cirurgias realizadas foi de 3,1% nos protocolados e de 24,9% nos hospitais de destino.

O primeiro semestre fechou com 4.266 e 4.379 utentes em espera para cirurgia em prestadores protocolados e hospitais de destino, com taxas de incumprimento dos TMRG de 3% e 13%, respetivamente, contabiliza a Entidade Reguladora da Saúde.

Oncologia

Fora daqueles números estão, como referimos no início, as cirurgias programadas na área de oncologia. Nesta área em concreto, segundo a ERS, foram realizadas 30.697 cirurgias nos hospitais públicos, o que representa uma redução de 1% em relação ao primeiro semestre de 2022. A ERS assinala ainda uma diminuição da percentagem de incumprimento de quase 6 p.p. face ao primeiro semestre de 2022 e revela que cerca de 19% foram atendidos com tempos de espera superiores ao estabelecido na legislação.

No dia 30 de junho deste ano, aguardavam cirurgia programada na área de oncologia 2023, 7.048 utentes, um aumento de 11% face a 30 de junho de 2022, dos quais 18% com espera superior aos TMRG.

Segundo os dados, foram realizadas 102 cirurgias programadas de oncologia em prestadores protocolados e 270 em hospitais de destino, tendo o incumprimento dos TMRG nas cirurgias realizadas sido de 24,5% nos protocolados e de 38,9% nos hospitais de destino.

O primeiro semestre do ano fechou com  29 utentes em espera para cirurgia em prestadores protocolados e 80 utentes para cirurgia nos hospitais de destino, com taxas de incumprimento dos TMRG de 28% e 23%, respetivamente.

Doença Cardíaca

No âmbito de doença cardíaca foram realizadas 4.752 cirurgias programadas nos hospitais públicos, no primeiro semestre de 2023, o que representa um aumento de 8% face ao semestre homólogo de 2022. Do total de utentes submetidos a cirurgias cardíacas 32% foram atendidos com espera superior aos TMRG – aumento da percentagem
de incumprimento de 2 p.p. comparativamente com o primeiro semestre de 2022.

A 30 de junho de 2023  esperavam por cirurgia cardíaca 2.649 utentes, mais 33% do que um ano antes na mesma altura, 57% dos quais em espera por tempo superior aos TMRG.

De acordo com os dados da ERS, no primeiro semestre de 2023 foram realizadas três cirurgias programadas de cardiologia em hospitais de destino e nenhuma cirurgia em prestadores protocolados. O incumprimento dos TMRG nas cirurgias realizadas nos hospitais de destino foi de 33,3%.

O semestre terminou sem listas de espera para cirurgia de cardiologia em prestadores protocolados ou nos hospitais de destino.

Consultas

médicos

A Entidade Reguladora da Saúde esclarece que devido a constrangimentos nos sistemas informáticos, a monitorização incide, em média, apenas sobre cerca de 35% das consultas realizadas nos hospitais do SNS. Eis, assim, os números apurados: no primeiro semestre de 2023 os hospitais públicos realizaram 668.565 primeiras consultas de especialidade hospitalar a pedido dos CSP, não incluindo consultas de cardiologia, nem consultas com suspeita ou confirmação de doença oncológica, o que representa um aumento de 14% face ao período homólogo de 2022.

Entre janeiro e junho, os TMRG foram ultrapassados em 50% das consultas realizadas, mais cerca de 15 p.p. na percentagem de incumprimento face ao período homólogo de 2022.

O semestre fechou com 707.330 utentes em espera para primeira consulta, isto é, mais de 37%, dos quais 47% com espera superior aos TMRG.

Segundo a monitorização da ERS, foram realizadas 47.615 primeiras consultas de especialidade hospitalar nos prestadores protocolados, tendo os TMRG sido ultrapassados em 23% das consultas realizadas. Em lista de espera havia 43.219 utentes, 42% dos quais com espera superior aos TMRG.

Relativamente às primeiras consultas com suspeita ou confirmação de doença oncológica, no primeiro semestre de 2023, foram realizadas 15.559 consultas, todas em hospitais públicos.

O Registo de Saúde Eletrónico no Sistema Integrado de Gestão do Acesso (RSE-SIGA) em fase de implementação não permitiu avaliar a evolução no número de consultas
do foro oncológico realizadas nos hospitais públicos no primeiro semestre de 2023 face ao período homólogo de 2022.

Os dados apurados revelam que os TMRG foram ultrapassados em 60% das consultas realizadas no primeiro semestre de 2023.

Sabe-se também que  no final de junho 9.014 utentes aguardavam a primeira consulta com suspeita ou confirmação de doença oncológica, tendo sido ultrapassados os TMRG para 73% dos utentes em espera.

Por seu turno na área de cardiologia, os hospitais públicos contabilizaram 21.894 primeiras consultas, no primeiro semestre de 2023, um aumento de 17% face ao período homólogo de 2022, com os TMRG ultrapassados em 89% das consultas realizadas.

O primeiro semestre fechou com 17.659 utentes a aguardar a primeira consulta de cardiologia, o que representa um acréscimo de 34%, dos quais 83% com espera superior aos TMRG.

Ainda de acordo com os dados monitorizados pela ERS, nos prestadores protocolados, até junho foram realizadas 193 primeiras consultas de cardiologia, 68,4% das quais com tempo de espera ao TMRG.

No dia 30 de junho de 2023, as listas de espera a consulta de cardiologia somava 123 utentes, 69% dos quais com espera superior ao limite legal.

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