Iiolanda regressa aos discos com "Vulcan Bar" de Amílcar Cabral no Dia dos Heróis

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"Vulcan Bar simboliza o poder, a força e o valor que Amílcar Cabral depositava na arte, considerando ele que a arte, a cultura, marcava a identidade de uma nação", disse Iiolanda à agência Lusa.

O tema é o primeiro de um novo disco, que deverá sair em setembro, e que conta com Bernardo Moreira na direção musical e como intérprete, no contrabaixo, com o pianista brasileiro Luiz Avellar e João Moreira, no trompete.

O novo trabalho contará com temas de músicos como Mário Laginha, Mário Lúcio ou Paulino Vieira, além de temas compostos por Iiolanda, que é ainda autora de vários livros.

"Para mim é muito importante estar a fazer este regresso aos palcos com uma canção tão nobre e por uma figura que nos deu tanto para a formação da nação cabo-verdiana, guineense, para África e para o mundo, por ser essa figura histórica mundial", indicou.

A escolha do dia de hoje para o lançamento de "Vulcan Bar" não foi aleatória, pois marca o 51.º aniversário do assassinato do líder africano, assinalado em Cabo Verde como o Dia dos Heróis Nacionais.

Além deste tema "tão forte", o novo trabalho de Iiolanda abordará outras áreas da vida que a cantora considera "essenciais", como a preservação da natureza e a importância da proteção do planeta Terra.

A ligação à terra levou-a, aliás, a fazer uma formação em agricultura biológica no Instituto Superior de Agronomia (ISA), em Lisboa, onde Amílcar Cabral se licenciou.

"Poder tocar e analisar e ler toda a sua dedicação ao estudo da terra, ao valor da terra - que a terra nos dá tanto, nos dá tudo -, o seu cuidado com os processos de não contribuir para a erosão dos solos, o seu compromisso com a natureza, é muito importante para mim, tendo em conta os valores que eu defendo: O respeito e a sustentabilidade do meio ambiente", disse.

E foi precisamente nas instalações do ISA que Iiolanda gravou o vídeo de "Vulcan Bar".

Para Cabral, assassinado em 20 de janeiro de 1973, com 49 anos, "defender a terra é defender o homem". E foram estas as palavras que escreveu no relatório final do curso de engenheiro agrónomo, intitulado "O problema da erosão do solo. Contribuição para o seu estudo na região de Cuba (Alentejo)", datado de 1951.

A obra faz parte do repositório do ISA e pode ser consultada. De capa rija e bordeaux, letras douradas e fita de cetim, o relatório é dedicado "aos jornaleiros do Alentejo, trabalhadores da terra dos latifúndios, homens de vida incerta que a erosão ameaça".

Amílcar Cabral, que concluiu a licenciatura com 15 valores, uma das mais altas classificações no ISA na altura, foi bolseiro da Casa dos Estudantes do Império e, em 1948/49, venceu o Prémio Mello Geraldes atribuído ao aluno mais classificado na disciplina de Tecnologia Colonial.

Aquele que é lembrado como o "pai" da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, foi autor de vários estudos na área em que se licenciou, sendo talvez o mais determinante para o seu percurso profissional e político o "Recenseamento agrícola da Guiné" (1954).

Fez este trabalho de campo "estudando, medindo e inquirindo" num país que vivia da terra e desejando uma terra livre para o seu povo.

As crises de fome em Cabo Verde, acentuadas pela seca, marcaram Cabral, filho de pais cabo-verdianos, que nasceu em Bafatá, na Guiné-Bissau, em 12 de setembro de 1924.

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