Irlanda acusa Telavive de tratar diplomata de forma "totalmente inaceitável"

Na quinta-feira o ministério dos Negócios Estrangeiros israelita convocou a diplomata em protesto contra o reconhecimento da Palestina como Estado pelo executivo de Dublin, numa decisão conjunta com Espanha e Noruega.

"É totalmente inaceitável e não é forma de tratar os diplomatas", criticou hoje o vice-primeiro-ministro irlandês Micheál Martin, indicando que o seu governo tinha planeado algum tipo de encontro entre as partes após o anúncio de quarta-feira de reconhecimento do Estado palestiniano no próximo dia 28.

Mas, segundo o responsável, não esperava que fosse mostrado um vídeo dos islamistas palestinianos do Hamas gravado durante os ataques terroristas de 07 de outubro.

"O facto de lhe terem mostrado as imagens em frente aos meios de comunicação social nacionais de Israel é algo que nunca vimos antes em qualquer outro país ou jurisdição", disse Martin, responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros.

O ministro insistiu que McGuinness é uma "embaixadora excecional" e que Dublin condenou sistematicamente os ataques do Hamas em outubro passado.

"Vou comunicar diretamente, por escrito se necessário, com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita porque os nossos discursos sobre o reconhecimento da Palestina foram equilibrados", concluiu Martin.

A guerra em curso na Faixa de Gaza decorre da retaliação de Israel ao ataque sem precedentes de outubro perpetrado pelo Hamas e já causou mais de 35.700 mortos, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Em outubro, o Hamas matou mais de 1.170 pessoas, na maioria civis, além de fazer 252 reféns, segundo as autoridades israelitas.

Leia Também: Macron recebe hoje à noite chefes da diplomacia de quatro países árabes