Israel anunciou hoje a entrega de 200 mil litros de combustível na Faixa de Gaza, depois de a ONU ter alertado que suspendeu todas as operações humanitárias no território palestiniano.
O Cogat, órgão do Ministério da Defesa que supervisiona os assuntos civis na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza, anunciou "a transferência de 200 mil litros de combustível para organizações internacionais", através do ponto de passagem de Kerem Shalom entre Israel e o sul do enclave.
Após a inspeção dos camiões, "o combustível foi transferido para satisfazer as atuais necessidades essenciais da comunidade internacional, incluindo hospitais, zonas humanitárias, centros logísticos e distribuição de ajuda", segundo o Cogat em comunicado de imprensa.
Na quinta-feira, a ONU alertou que o encerramento por Israel dos principais pontos de passagem para a Faixa de Gaza cortou as principais portas de ajuda, em particular de combustível, e tornou as operações humanitárias praticamente impossíveis.
A UNICEF avisou, no mesmo dia, que as reservas de combustível no território estavam por dias ou mesmo horas e apelou à comunidade internacional para interceder para a abertura de passagens de ajuda humanitária no enclave.
O coordenador da organização dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Faixa de Gaza, Sylvain Groulx, lembrou hoje à agência France Presse (AFP) que, desde o início há mais de sete meses da guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, Telavive cortou a eletricidade e a generalidade dos serviços essenciais ficou dependente de combustível para trabalhar.
"É portanto imperativo que Israel, em virtude das suas responsabilidades como força de ocupação, forneça eletricidade ou garanta que o combustível esteja disponível em quantidades suficientes, o que obviamente significa a abertura de postos fronteiriços", defendeu.
Desafiando os avisos internacionais, o Exército israelita leva a cabo uma operação militar desde terça-feira no leste da cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, e assumiu o controlo do lado palestiniano da passagem fronteiriça com o Egito, bloqueando uma porta de entrada chave para a entrada de ajuda humanitária, juntando-se a Kerem Shalom, que Telavive também fechou.
Rik Peeperkorn, chefe da Organização Mundial da Saúde para os Territórios Palestinianos, insistiu na quarta-feira na necessidade absoluta de deixar entrar combustível, sem o qual "todas as operações humanitárias, incluindo as operações hospitalares, param".
A Faixa de Gaza está devastada pela guerra desencadeada em 07 de outubro por um ataque do Hamas em solo israelita, que provocou a morte de mais de 1.100 pessoas.
Desde essa data, a ofensiva israelita na Faixa de Gaza deixou mais de 34.900 mortos, a maioria mulheres e crianças, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde do Governo local, controlado pelo Hamas.