Israel: fim-de-semana de forte contestação a Netanyahu

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Milhares de manifestantes saíram às ruas, principalmente na capital, Telavive, para exigirem eleições antecipadas. Entretanto, esta semana, as negociações para um cessar-fogo vão manter-se.

O fim-de-semana foi o momento escolhido para a oposição ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lhe demonstrar que o seu tempo político está a chegar – pelo menos se se mantiver “refém” da extrema-direita e dos radicais religiosos. Milhares de israelitas saíram às ruas em várias cidades contra as políticas do governo – destacando-se pela sua grandeza, segundo a imprensa, as manifestações organizadas em Telavive, a capital.

Muitos dos manifestantes pediram novas eleições – e esse é um dos caminhos possíveis mas provavelmente apenas quando a intervenção militar em Gaza terminar (o calendário normal é 2026). Outros manifestantes eram favor de um cessar-fogo e de um acordo rápido com o Hamas para a libertação de mais reféns.

A polícia anunciou que a manifestação em Telavive não fora sido autorizada, mas mesmo assim realizou-se. Agora, segundo vários analistas citados pelos jornais israelitas, o temor de Netanyahu é que os tempos de contestação, que estavam no auge antes de 7 de outubro, regressem em força. Até porque a popularidade do primeiro-ministro está em mínimos de sempre.

Os protestos contra o governo abalaram o país durante grande parte de 2023 diminuíram em grande parte desde que a guerra começou.

Neste contexto, Netanyahu foi questionado em conferência de imprensa sobre os apelos do interior do seu próprio partido, o Likud, para a realização de eleições antecipadas quando a guerra em Gaza terminar. “A última coisa de que precisamos agora são de eleições, pois isso nos dividiria imediatamente”, disse. “Agora, precisamos de união.”

Alguns analistas antecipam a possibilidade de membros do próprio Knesset retirarem o seu apoio ao primeiro-ministro, o que lhe retiraria legitimidade para se manter no cargo sem convocar novas eleições. Apesar disso, os partidos da oposição – nomeadamente o Yair Lapid – não têm feito grande pressão sobre o assunto, preferindo, pelo menos para já, que seja Netanyahu a lidar com a guerra que ele próprio começou.

Por outro lado, e apesar de algumas ameaças – desde logo da parte do líder do partido (normalmente de oposição) Azul Branca, Benny Gantz – nenhum dos membros do gabinete de guerra formado por Netanyahu a seguir a 7 de outubro saiu do executivo. Gantz e Gadi Eisenkot, um general reformado, ambos membro do gabinete, são uma espécie de seguro de vida político para o primeiro-ministro.

Entretanto, e apesar de todas as reservas colocadas pela comunidade internacional, Netanyahu diz que o ataque à cidade fronteiriça de Rafah, no sul de Gaza, vai mesmo avançar. Os mais pessimistas (e mesmo os moderadamente pessimistas) anteveem mais um banho de sangue, dado que cerca de 1,5 milhões de palestinianos estão refugiados na região.

Durante o fim-de-semana, Netanyahu voltou a dizer que neste momento não há nenhuma hipótese de o governo aceitar a criação de um Estado palestiniano – mesmo apesar das insistências dos Estados Unidos.

Por outro lado, esta semana devem continuar a realizar-se encontros entre as partes para a continuação das negociações para um cessar-fogo – mas já terá ficado claro para todos os envolvidos que não há qualquer possibilidade de entendimento entre o governo israelita e o Hamas.

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