Israel hesita entre o petróleo e a energia nuclear

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Atacar o complexo nuclear iraniano é um sonho antigo de Benjamin Netanyahu. O G7 não quer que essa seja a opção da retaliação de Israel, que quer “proporcional”. Mas Netanyahu já demonstrou ter grandes dificuldades com a proporcionalidade.

Um debate um pouco bizarro parece ter tomado conta das altas esferas israelitas e dos seus aliados. É qualquer coisa do género: retaliar onde – nas instalações de extração de petróleo, ou no complexo industrial nuclear? Para já, a ‘votação’ está a favor do petróleo. Um dos adeptos deste lado da questão é o presidente dos Estados Unidos. Joe Biden já disse que não apoia qualquer ataque a instalações nucleares do Irão.

O presidente, que já entrou nos últimos três meses do seu mandato, disse que a sua administração está a debater com os israelitas qual vai ser o próximo passo e o que será a retaliação, prometida desde o primeiro instante, a mais um ataque iraniano direto ao solo israelita. Joe Biden disse que todos os países do G7 concordam que Israel tem o direito de responder, mas devem responder proporcionalmente.

Isso é o que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, precisava de ouvir. Com o apoio dos sete países mais desenvolvidos do mundo, terá as mãos livres para fazer aquilo que entender, tudo cabendo no universo muito alargado da retaliação. Tanto mais que o G7 já percebeu que Israel não é perito em respostas proporcionais: os analistas chamam a atenção para o facto de, a 7 de outubro, terem morrido 1.200 israelitas; de então para cá, morreram mais de 41 mil palestinianos. Quanto vale um judeu em palestinianos? É fazer a conta!

Na mesma ordem de ideias, o G7 não deve convencer-se que, apesar do sábio conselho de Joe Biden enquanto porta-voz do grupo, Netanyahu irá abster-se de atacar precisamente o complexo nuclear iraniano. Que foi sempre – e isso nunca foi escondido ou disfarçado – o alvo de todos os ódios criados entre as duas nações. Israel já atacou terrenos próximos desses complexos e a ‘abertura’ do ocidente à retaliação pode ser, para o executivo hebraico, o momento certo para acabar de vez com um problema – que de outra forma continuará a escurecer o horizonte de Israel. Biden também disse que estão a caminho mais sanções a impor ao Irão.

Joe Biden participou num encontro online com os líderes do G7 esta quarta-feira para coordenar uma resposta ao ataque do Irão a Israel, de acordo com a Casa Branca. Biden expressou a “total solidariedade e apoio” dos Estados Unidos a Israel e reafirmou o “compromisso férreo do meu país com a segurança de Israel”.

Israel responderá ao ataque de mísseis do Irão e as suas forças podem atacar em qualquer lugar do Médio Oriente, disse por seu turno a cadeia de comando militar israelita. “Temos a capacidade de alcançar e atacar todos os locais do Médio Oriente e aqueles dos nossos inimigos que ainda não entenderam isso, entendê-lo-ão em breve”, disse Herzi Halevi, chefe do Estado-Maior israelita. “O Irão cometeu um grande erro e vai pagar por isso”, disse Benjamin Netanyahu numa reunião do seu gabinete de segurança logo a seguir ao ataque. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, assegurou a retaliação pelo ataque “brutal” de mísseis do Irão – e não se esqueceu transformar o secretário-geral da ONU, António Guterres, em personagem ‘non grata’ – o que em princípio quer dizer que o ex-primeiro- ministro está impedido de entrar em Israel.

Do outro lado, e segundo a imprensa iraniana, o Irão está a preparar-se para prováveis ataques israelitas às suas instalações nucleares. O líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, pediu ao Ocidente que deixe o Médio Oriente em paz.

O ataque iraniano ocorreu menos de 24 horas depois de o primeiro-ministro israelita ter ordenado a maior incursão terrestre no sul do Líbano desde 2006.

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