Israel responde a Guterres. ONU está a falhar ao não prevenir ataques do Hezbollah

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Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel Kevin Lamarque - Reuters

Depois das críticas de António Guterres, a resposta de Israel veio pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant, através da rede social X, lembrando as obrigações da ONU para "exigir a aplicação da resolução 1701".

O secretário-geral do organismo denunciou esta segunda-feira as situação dramáticas em Gaza e no Líbano devido aos bombardeamentos israelitas. É "um pesadelo sem fim" que ameaça também expandir o conflito para o resto da região, com o Líbano "à beira do abismo", afirmou António Guterres, perante a 79ª Assembleia geral das Nações Unidas.

Gallant lembrou ao secretário-geral das Nações Unidas, as obrigações da organização na manutenção da paz entre Israel e a guerrilha xiita baseada no Líbano, criticando a "falta de ações concretas" da ONU na prevenção de ataques do Hezbollah.

"Senhor secretário-geral [António] Guterres, o pesadelo de que fala é, de facto, uma realidade. A realidade é que o Hezbollah tomou o Líbano como refém e a ONU não reconhece as suas ações nem cumpre a sua obrigação fundamental: prevenir os ataques do Hezbollah e exigir a aplicação da resolução 1701", frisou o responsável político pelas operações militares de Israel.

Esta resolução foi estabelecida em agosto de 2006, para por fim à guerra no Líbano, que envolveu Israel e o Hezbollah e, num grau menor, o exército libanês. O texto previa o cessar-fogo total, a retirada de Israel do sul do Líbano e a sua substituição por forças libanesas e da ONU, através da UNIFIL.

Esta força das Nações Unidas deveria garantir que nenhuma outra força militar além destas permecesse a sul do rio Litani. A resolução previa igualmente o desarmamento dos grupos armados, incluindo o Hezbollah.

Assinada pelo Líbano e por Israel e aceite publicamente pelo líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que prometeu que a sua milícia a iria "honrar", a resolução nunca foi completamente implementada.

Há 11 meses, em violação das tréguas, que a guerrilha xiita bombardeia sem cessar o norte de Israel, num fogo cruzado e numa tentativa de desviar os esforços militares israelitas, focados maioritariamente nas operações de caça ao Hamas em Gaza, desencadeadas pela invasão de Israel por parte do grupo islamita palestiniano a 7 de outubro de 2023, a qual fez 1200 mortos e levou ao sequestro de 250 reféns israelitas.

A população israelita do norte junto à fronteira foi maioritariamente forçada a abandonar as suas casas rumo a sul, para não ser atingida.

Em setembro, com as operações em Gaza praticamente concluídas e depois de um ataque do Hezbollah ter vitimado um grupo de crianças que jogava futebol nos Monte Golã, Israel voltou-se para o norte e para a milícia xiita.

Enfraquecer o Hezbollah

Desde a semana passada, uma série de operações militares visaram primeiro a estrutra e depois a capacidade militar da guerrilha. Israel garante que matou vários dos principais comandantes da organização antes de iniciar segunda-feira um bombardeamento sistematico de alvos no Líbano, alegadamente pertencentes ao Hezbollah.

A ofensiva deixou milhares de feridos e centenas de mortos, incluindo crianças. Quase 600 pessoas morreram em pouco mais de 24h, de acordo com as autoridades libanesas. 

O Hezbollah respondeu com o disparo de centenas de morteiros contra as cidades israelitas, detidos na sua maioria pela proteção do Iron Dome de Israel. "A população do Líbano, a população de Israel e a população mundial não podem permitir que o Líbano se torne noutra Gaza", frisou Guterres esta terça-feira, aludindo à situação atual no território libanês após os recentes ataques das Forças Armadas israelitas (IDF).

O discurso de Guterres suscitou críticas também por parte do representante israelita na ONU, Danny Danon, que esteve presente na sessão.

Danon descreveu como "triste" que ao falar sobre a libertação dos reféns às mãos do Hamas, a sala "permaneça em silêncio", mas ao falar sobre o sofrimento em Gaza "receba aplausos estrondosos".

A possibilidade de agravamento das tensões no Médio Oriente dominou os discursos do primeiro dia da Assembleia Geral da ONU. 

As críticas à inoperacionalidade da ONU na proteção das populações civis e na contenção dos beligerantes marcaram também a análise, com avisos quanto ao futuro da organização.

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