Japão perde título de terceira maior economia do mundo para a Alemanha

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A economia japonesa contraiu-se em três trimestres consecutivos, reportou o "Primeiro relatório preliminar de outubro a dezembro de 2023", publicado na quinta-feira.

Os economistas estimavam uma subida do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,4 por cento, mas o sentido foi inverso. 

O Governo japonês informou que a economia encolheu a uma taxa anual de 0,4 por cento entre outubro e dezembro, de acordo com dados sobre o PIB real, embora tenha crescido 1,9 durante o ano de 2023. Registaram-se, ainda, quedas entre julho e setembro de 2,9 por cento e de 3,3 no trimestre anterior.Dois trimestres consecutivos de contração são considerados um indicador de que a economia está em recessão técnica.

Esta recessão colocou a economia do país do Sol nascente no quarto lugar do ranking mundial, deixando o terceiro lugar para ser ocupado pela Alemanha. As primeiras posições pertencem aos EUA e China.

Uma das razões apontadas é a retração no consumo privado, que representa metade da economia japonesa. Os preços elevados dos alimentos, combustíveis e outros bens desencadearam a redução da procura doméstica, atirando o consumo para valores negativos durante 2023.

O consumo privado foi particularmente fraco [e] as expectativas do mercado eram de que se mantivesse estável”, afirmou à estação norte-americana CNN Neil Newman, estratega da equipa da Japanmacro, que mede o comportamento económico japonês.

O quarto trimestre apresentou quedas de 0,3 por cento nas despesas de capital, representando a terceira retração consecutiva. O investimento em habitação por parte do sector privado caiu quatro por cento. Apenas as exportações de bens e serviços, deram um contributo positivo.

Para contrabalançar, a procura externa aumentou 11 por cento em termos anuais, em relação ao trimestre anterior, ajudada pelo iene fraco. No mesmo sentido, os gastos dos turistas aumentaram significativamente, favorecendo o consumo interno.

O Japão importa 94 por cento das necessidades energéticas básicas e 63 por cento de produtos alimentares. A fraca moeda japonesa - 161,79 ienes equivalem a um euro - “contribui significativamente para um custo de vida mais elevado”, argumentou Newman.

O iene caiu 6,6 por cento em relação ao dólar americano, desde o início deste ano, tornando-se um dos piores desempenhos entre as moedas utilizadas pelo Grupo dos 10 países industrializados.

“Infelizmente isto vai piorar em Janeiro, após o terramoto no Mar do Japão. As pessoas param de gastar em tempos de desastres naturais”, acrescentou o especialista.

Recorde-se que um terramoto atingiu a Península de Noto, na província central de Ishikawa, no dia 1 de janeiro, destruindo edifícios, provocando incêndios e fazendo soar alertas de tsunami. Mais de 200 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas.
Bolsa de Tóquio em alta

Apesar da recessão técnica, os mercados do Japão permaneceram dinâmicos, com o índice de referência Nikkei 225 a avançar 1,2 por cento e a fechar acima do nível de 38 mil pela primeira vez desde 1990.

Nesta sexta-feira os ganhos projetaram o índice Nikkei para perto do seu máximo histórico alcançado em dezembro de 1989, com a subida de mais de um por cento nas negociações da manhã.

Para o economista do ING Group Min Joo Kang, esta recuperação poderá estimular melhorias da economia do país com a estabilização da inflação e o crescimento espectável dos salários: “Apesar do resultado dececionante [do quarto trimestre], esperamos que o PIB [do primeiro trimestre] de 2024, recupere”.

Otimistas estão também os analistas do grupo financeiro multinacional Goldman Sachs, que consideraram, na quinta-feira, expectável que a economia do Japão registe um crescimento de um por cento no primeiro trimestre de 2024.

“Esperamos que o novo consumo desacelere face ao rápido aumento registado em Outubro a Dezembro (turismo/exportações), mas ainda esperamos uma tendência ascendente moderada”, afirmaram os economistas, argumentando ainda que as despesas de capital também poderão recuperar 1,3 por cento durante o mesmo período.

O ministro japonês das Finanças, Shun'ichi Suzuki, reiterou a importância de as moedas se "moverem de forma estável e refletirem os fundamentos". Acrescentou que está a observar os movimentos cambiais (moeda) com um "forte sentido de urgência".

A relativa fraqueza do Japão também reflete um declínio na sua população e um atraso na produtividade e na competitividade, vincaram os economistas.

c/ agências

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