Jorge Pinto: «Neste formato vão subir as melhores equipas»

É a hora de todas as decisões na Liga 3! 

Depois de uma primeira fase disputada em duas séries, os quatro primeiros classificados da Série A e os quatro primeiros classificados da Série B 'juntam-se' agora num campeonato de 14 jornadas para discutirem o acesso à 2ª Liga.

Numa prática que já vem sendo comum, o zerozero entrevistou os treinadores dos clubes em questão, numa conversa na qual foi feito não só o rescaldo da fase regular da prova, mas também a antevisão da fase de subida.

18 jogos disputados, oito vitórias, sete empates e três derrotas: eis o registo do Lusitânia de Lourosa na Série A da Liga 3.

Com uma massa adepta de fazer inveja a muitos clubes da 1ª Liga, o conjunto orientado por Jorge Pinto terminou a fase regular no segundo posto, apenas atrás do Felgueiras, e o técnico não esconde o desejo de conseguir a segunda subida subida de divisão consecutiva. O clube do distrito de Aveiro tem o primeiro jogo, frente ao Varzim, agendado para as 11 horas deste domingo.

Zerozero: O Lusitânia de Lourosa é uma das equipas que subiu do Campeonato de Portugal para a Liga 3 na temporada passada. Se lhe dissessem, no início desta época, que chegaríamos a fevereiro com a equipa na fase de subida, conseguia imaginar ou era um cenário demasiado otimista? 

Jorge Pinto: Era algo expectável, acabava por ser o objetivo de todas as equipas que estavam neste campeonato. Penso que todos os clubes queriam ficar nos quatro primeiros para garantirem a manutenção desde logo. Esse era o nosso objetivo e conseguimos alcançá-lo com estabilidade, mantivemo-nos quase sempre na parte de cima da tabela. Garantimos o apuramento para esta fase a duas jornadas do fim, apresentando sempre uma regularidade muito grande. Era algo expectável para nós, mas sabemos que, quando queremos colocar as coisas em prática, surgem os constrangimentos naturais da prova. Ainda assim, trabalhámos para que acontecesse.

ZZ: Em termos de preparação, o que é que muda- se é que muda alguma coisa- nesta transição da fase regular para a fase de subida?

JP: Não muda nada porque os jogadores estão muito motivados e porque vamos jogar contra as melhores equipas desta liga. Isso é um acrescento de motivação. As coisas correram-nos bem até aqui, portanto vamos manter essa estabilidade, mesmo sabendo que as dificuldades vão aumentar. Se já na fase regular o campeonato é muito competitivo, nesta segunda fase, jogando contra as melhores equipas, as coisas são ainda mais complicadas. No entanto, vamos manter tudo a nível de estratégia e dinâmica.

ZZ: O Lusitânia de Lourosa não esteve propriamente ativo no mercado, mas acabou por contratar o Goba Zakpa, avançado que foi figura importante do clube num passado recente e que tem sido sinónimo de golos. É também um sinal da ambição com que a equipa encara esta fase de subida?

JP: Com o Goba ou sem o Goba, somos sempre uma equipa ambiciosa. Sabemos onde estamos, com quem competimos e de onde vimos, mas a ambição nunca nos podem tirar. A vinda do Goba foi uma oportunidade que surgiu, sendo que estamos a falar de um atleta que tem história no clube e que acreditamos que pode ser uma mais-valia. De resto, só entram jogadores que possam aportar qualidade e estamos satisfeitos com o plantel que temos. A ambição é a chama que nos ilumina, o Goba é importante pela história que tem, mas a história está nos museus e nós queremos o presente. Ele vem da Macedónia, onde o registo competitivo não era muito elevado, e estamos a tentar prepará-lo para que possa aparecer bem na fase final.

ZZ: Está a cumprir a primeira época na Liga 3 e conseguiu chegar logo à fase de subida. Que importância tem este registo para si?

JP: É sinal que as coisas estão a ser bem feitas. Eu tenho vindo a subir divisões desde a distrital da AF Porto, não cheguei à Liga 3 só porque sim. Eu e a minha equipa técnica apresentámos trabalho para chegarmos aqui: subi da Honra para a Elite, da Elite para o Campeonato de Portugal e do Campeonato de Portugal para a Liga 3. Chego aqui com mérito, o trajeto que fiz foi difícil. Este apuramento satisfaz-me muito, mas somos ambiciosos e sabemos que temos qualidade e capacidade para enfrentarmos estes desafios. 

ZZ: Como perspetiva esta fase de subida? Como olha para a mudança de formato da competição em relação à época passada?

JP: Um formato a quatro equipas é muito diferente deste a oito. Num formato a oito vão subir as melhores equipas, é um minicampeonato no qual as equipas mais fortes conseguem recuperar de um ou outro deslize- num formato a quatro é mais difícil isso acontecer. As estruturas mais competentes e os clubes mais bem preparados para esta fase final vão subir, num campeonato a quatro isso pode não acontecer. É uma incógnita porque nunca aconteceu, mas acredito que será por aqui e que o mérito será recompensado.