José Pedro, Vitória FC: «São os quatro melhores, mas nós somos o Vitória»

Limianos, Pevidém, Amarante, São João de Ver, União de Santarém, Lusitânia dos Açores, Vitória FC, Moncarapachense. São estes os oito clubes que irão disputar a subida à Liga 3. Na antecâmara da fase de todas as decisões no Campeonato de Portugal, o zerozero conversou com os oito treinadores que vão lutar pela promoção de escalão. 

O possível regresso de um histórico. O Vitória FC selou o primeiro lugar da Série D do Campeonato de Portugal com cinco derrotas e, depois da queda da Liga 3 na temporada passada, pode voltar a reerguer-se. 

Em maio de 2023 foi consumada a descida do emblema de Setúbal. Segundo Zequinha e Cláudio Pitbull, numa vasta entrevista concedida ao zerozero, foi «o dia mais triste» da carreira de ambos.

José Pedro é o timoneiro dos sadinos que tem nas mãos o objetivo do regresso. O treinador que passou pelo Sporting e pelo FC Famalicão, em experiências mais recentes como adjunto, garantiu 17 vitórias em 28 jogos. O futuro? Só eles o podem decidir.

Os adversários? União de Santarém, Lusitânia dos Açores e Moncarapachense. Tudo arranca no próximo dia 21 de abril.

«Temos de ir para o sprint final»

zerozero (zz):  Como descreve o trajeto do Vitória FC até chegar a esta fase?

José Pedro (JP): Dentro daquilo que tínhamos idealizado, nesta fase, queríamos acabar nos primeiros dois lugares. Conseguimos o primeiro lugar logo a três jornadas do fim. Foi tudo muito bem conseguido. Conseguimos dar uma boa resposta num campeonato que sabíamos que ser difícil. Não só pelo próprio Campeonato, mas também pelo nome que o Vitória FC tem e que faz com que os adversários olhem para nós de outra forma. Sentimos isso durante toda esta primeira fase.

Acabámos em primeiro, fomos uma das equipas que fez mais golos. Nestes últimos três jogos, sofremos seis golos e acabou por dar um total de 21 golos sofridos - se não fosse isso, tínhamos apenas 15 e, talvez, fossemos a segunda equipa com menos golos sofridos. 

É um registo que só nos deixa orgulhosos e, no fundo, a primeira parte, ou seja, a maratona, foi conquistada, mas temos de ir para o sprint final. Estamos onde queríamos estar e, agora, dependemos de nós.

zz: O que espera desta fase de subida? União de Santarém, Lusitânia dos Açores e Moncarapachense são os adversários que se seguem.

JP: São os quatro melhores de ambas as séries, mas nós somos o Vitória FC. Queiram-me desculpar os outros clubes, mas é isso. De qualquer forma, não é isso que ganha jogos. Em campo, temos as mesmas dificuldades.

Já defrontámos o Moncarapachense duas vezes, mas o União de Santarém ou o Lusitânia. Estamos envolvidos neste grupo e sabemos que vai ser difícil. Não há favoritos porque estas foram as quatro melhores e iniciamos do zero.

Sobre isso, acredito que quem ficou primeiro, possa ter aqui alguns pontos de vantagem, por exemplo, em relação ao segundo e, aí, acho a segunda fase poderia começar de uma maneira diferente. Nós, por exemplo, ficámos a quatro pontos de diferença do Moncarapachense. Não é muito, pois estamos a falar de uma derrota e um empate. Acho que podíamos olhar para isto e pensar de outra forma.

Garantimos o apuramento para a fase de subida a três jornadas do fim e, depois, permitiu-me olhar para os três jogos a seguir, não deixando de lado o resultado, e fazer uma gestão melhor daquilo que não consegui fazer ao longo de toda a temporada porque eram necessários os pontos para lá estarmos. Tenho consciência de que, nestes últimos três jogos, olhei para isto assim.

Acho que a segunda fase deveria, na minha opinião, arrancar com outro tipo de pontuação. De qualquer forma, não é assim, o regulamento é este e começamos do zero. Queremos ser capazes de assumir. 

«Jogar com o Vitória FC é diferente de jogar contra qualquer outra equipa»

zz: O Vitória FC tem oportunidade se de voltar a juntar a uma das três principais ligas, após a queda da temporada passada. Acredita que, com o plantel que tem e com a época que têm vindo a realizar, existe outro tipo de motivação para enfrentar a prova? 

JP: Jogar com o Vitória FC é diferente de jogar contra qualquer outra equipa. Queiram-me desculpar as outras equipas do nosso campeonato, mas a verdade é essa e eu notei isso. Eu faço a análise aos adversários com quem vamos jogar e denoto que esses comportamentos das equipas em geral, connosco, são completamente diferentes. 

Para mim, é positivo porque treino uma equipa com um historial enorme, um clube com um historial enorme, que tem uma grande massa associativa, que exige, aplaude e contesta. Isso também nos faz viver. A verdade é que, quer para os adversários, quer para o Vitória FC, isso faz a diferença. Quando entramos em campo, na bancada, está outra coisa que não existe nos outros clubes. Nós sentimos isso em toda esta primeira fase.

zz: Qual é a mensagem que pretende deixar aos adeptos?

JP: Apesar destes três últimos resultados - e um treinador vive dos resultados e é questionado e avaliado por eles -, a verdade é que acabámos em primeiro, permitiu fazer uma maior gestão e dar mais minutos, por exemplo, a outros jogadores que não tiveram tantos durante a fase regular.

A mensagem que eu deixo é que vão ter sempre, enquanto eu for treinador do Vitória FC, e para esta última fase, uma equipa a querer jogar para ganhar e não a jogar para não perder. Acredito que só assim é que estamos mais próximos de vencer. 

Acredito que os adeptos nos vão apoiar imenso e vão até Moncarapacho, até mesmo aos Açores, assim como a Santarém. Eu acredito que vão estar lá. Em casa, é notório o que este clube costuma apresentar. Vamos jogar para ganhar. O meu discurso não muda em nada e é aquilo que estipulámos desde o início da época.

Começamos do zero, mas queremos ser uma das duas equipas a subir de divisão. Para nós, é esse o objetivo. Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para tornar isso realidade. Esta é a mensagem que lhes posso deixar. Não quero garantir nada, apenas digo que iremos lutar até ao fim por um destes dois lugares.