José Sócrates lembra que Ricardo Salgado “tinha amigos na direita, não na esquerda”

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O ex-primeiro-ministro foi ouvido hoje como testemunha no caso EDP, tendo tecido duras críticas ao ministério Público e ao jornalismo português, deixando claro que este é um “revisionismo histórico que o ministério Público pretendeu desenvolver ao longo deste últimos 12 anos contra mim”.

José Sócrates, antigo primeiro-ministro, depois de ouvido, esta terça-feira, como testemunha no julgamento do caso EDP, sublinhou que Ricardo Salgado “tinha amigos na direita, não na esquerda”. Acrescentou que dizer o contrário não passa de “uma mentira que tem 12 anos”, atribuindo responsabilidades ao Ministério Público por aquilo que considera ser um “revisionismo histórico idiota”.

Destacou ainda, para defender a sua posição, que Ricardo Salgado apoiou financeiramente “a campanha eleitoral do professor Cavaco Silva” e “contratou contratou o doutor Durão Barroso”, para além de ter sido acionista, na qualidade de responsável máximo do Grupo Espírito  Santo, de uma empresa na qual “Passos Coelho era dirigente”.

O antigo primeiro-ministro frisa assim que falar de uma relação próxima entre o PS e Ricardo Salgado “não tem a mínima sustentação, é falso, é uma mentira”, até porque, salienta, “nunca tive o telefone do doutor Ricardo Salgado, nunca fui ao gabinete do doutro Ricardo Salgado, nunca conheci o doutor Ricardo Salgado antes de ser primeiro-ministro”.

Já sobre a atual situação política, não quis tecer comentários, mas afirmou que  “a crítica a qualquer instituição em democracia é algo de legitimo e as instituições devem ver essas críticas como um convite à sua melhoria, não como uma crítica que pretende destruir seja quem for”.

Deixou ainda duras críticas ao jornalismo português, “por lerem apenas os comunicados do ministério Público e de propagarem o que esta entidade diz”.

Quanto à questão sobre os pagamentos que terão sido feitos a Manuel Pinho, Sócrates mostrou-se incomodado e ofendido, garantiu nada saber, mas revelando satisfeito por se tratarem de “pagamentos decorrentes de um contrato que foi assinado antes do doutro Manuel Pinho ir para o Governo”.

“Manuel Pinho recebeu algum dinheiro que não lhe era devido? A minha convicção é que não recebeu, mas talvez o jornalismo pudesse ter uma avaliação crítica e dizer que sim ou não, consoante aquilo que foi dito aqui no tribunal”, acrescentou José Sócrates.

Voltou a realçar que o que está em discussão é se o Governo prestou algum favorecimento indevido ao grupo BES. “Eu vim aqui testemunhar que não, isso nunca aconteceu”.

“Ao fim de 12 anos não arranjaram nada contra o Governo, e não arranjaram porquê? Porque é falso, o Governo nunca beneficiou a EDP, isso é mentira e basta ler a investigação aprofundada da Comissão Europeia”.

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