A emissão de dívida de curto prazo realizada ontem ficou marcada pelo aumento das taxas de juro a pagar pelo Estado português, o que significa que é um agravamento da despesa suportada por todos nós, contribuintes.Pagar mais taxas num cenário em que se perspetiva um alívio dos juros na Europa a partir do verão parece contraditório, mas reflete também o risco político.
Com a redução assinalável da dívida pública e com as contas positivas apresentadas por Portugal, seria normal exigir taxas mais baixas no mercado, mas os credores gostam de aproveitar e ganhar dinheiro com todas as incertezas.No leilão a 11 meses, a agência que gere a dívida pública conseguiu financiar-se em 500 milhões de euros, pelo qual pagou 3,436%. É um preço 46,1 pontos-base acima dos 2,975% que pagou há um ano numa operação semelhante.As eleições são fundamentais em democracia e cabe ao povo soberano escolher sempre os seus representantes, quer no tempo constitucionalmente previsto quer em casos extraordinários, como o que levou à marcação do ato eleitoral de 10 de março. Mas os partidos que ambicionam governar têm de ser credíveis e dar provas de confiança para que os mercados não se aproveitem com especulação sobre a dívida portuguesa.