Liderança antecipada

6 meses atrás 52

Num dia marcado pela realização do voto antecipado, para as eleições legislativas deste ano, em Portugal, o Sporting foi quem aproveitou e antecipou-se, vencendo o Farense, num jogo eletrizante, por 3-2 e passando para a liderança isolada, à condição, do campeonato.

A escassas horas do importante Clássico entre FC Porto e Benfica e dias depois de vencer as águias, o Sporting entrava em ação e queria pressionar o rival encarnado. No lado leonino,  Rúben Amorim promovia quatro alterações no onze titular, dando a titularidade a Esgaio, St. Juste, Nuno Santos e Daniel Bragança. Já do lado do Farense, José Mota também mexia e chamava ao onze inicial Talys, Claudio Falcão, Belloumi e Zé Luís.

A diferença da atitude

5 ⚽ golos na época: melhor registo da carreira de Daniel Bragança

Golos Daniel Bragança numa época:
5: 2023/24🔝
4: 2019/20 (Estoril)
2: 2018/19 (Farense)
2: 2021/22 pic.twitter.com/hDrnP5jvB5

— Playmaker (@playmaker_PT) March 3, 2024

Privado do seu habitual maestro, Mattheus Oliveira (castigado), o Farense apresentou-se em Alvalade num 4x3x3, com três médios mais trabalhadores, mas isto foi rapidamente desfeito, uma vez que os dois extremos (Belloumi e Elves Baldé) acompanhavam os alas do Sporting para todo o lado e isso levava a que os algarvios formassem, quase sempre, uma linha de seis defesas (6x3x1). Havia, por isso, um aglomerado de jogadores forasteiros enormes na sua zona defensiva e o Sporting foi completamente autorizado a estar em ataque organizado.

Ora, apesar desse amontoado excessivo de jogadores, a verdade é que se notava a clara falta de rotinas posicionais do Farense com essa linha de seis e o Sporting ia conseguindo, com relativa facilidade, desmontar a defesa e encontrar o espaço que ia surgindo entre central e lateral. Foi, de resto, dessa forma que chegou ao golo, à passagem do minuto 11', por intermédio de Daniel Bragança, que aproveitou um corte defeituoso, após cruzamento de Esgaio na direita.

O golo sofrido pouco mudou a mentalidade do Farense, que continuava a limitar-se a apostar na transição e jogo direto, em busca da velocidade dos seus avançados, mas sem sucesso, fruto do bom controlo da profundidade do Sporting. Os leões aproveitavam e cresciam num jogo que se desenhava algo fácil, foram insistindo e, depois de duas bolas atiradas aos ferros (aos 24', por St. Juste, e 25', Talys, num corte), acabaram mesmo por ampliar, aos 29', pelo inevitável Gyokeres. O sueco antecipou-se à defesa e respondeu da melhor forma ao cruzamento de Pote na esquerda.

Belloumi deu vida ao Farense @Kapta+

Apenas este 2-0 desfez a atitude excessivamente defensiva do Farense, que finalmente abandonou a ideia da linha de seis. Além disso, Belloumi trocou de lado com Baldé, passou para a direita e fez toda a diferença, com efeito imediato. As deambulações do jovem extremo argelino para o meio abriram espaço para as subidas de Pastor pela direita e o Farense começou a ser mais ativo com bola, reduzindo prontamente aos 32', num grande golo de Belloumi, de fora da área. A mudança de atitude algarvia mudou também o jogo, deixou-o mais partido - apesar do ascendente do Sporting - e bem mais imprevisível.

De loucos!

O golo de Belloumi tinha mudado o jogo e deixado tudo em aberto para a 2ª parte, mas o que alterou mesmo o rumo dos acontecimentos foi a mudança de atitude do Farense, que veio com a equipa dos balneários. Os Leões de Faro entraram com vontade de atacar e sufocaram os Leões de Lisboa nos primeiros cinco minutos. Zé Luís acertou na barra aos 48', Pastor quase marcava de livre aos 50' e nesse mesmo minuto Zé Luís confirmou o ascendente algarvio e marcou na sequência de um canto. A reação verde e branca não demorou, no entanto, a chegar e aos 53' as deambulações de Esgaio voltaram a surtir efeito e este serviu Pote para o 3-2.

Eletrizante, intenso, incerto. Quem olhasse para o jogo nesta fase nem o conseguia comparar com os primeiros 30 minutos. Apesar de tudo isso, Rúben Amorim fo fiel a si mesmo e, logo a seguir ao golo, começou a habitual rotação da equipa, fazendo entrar Quaresma, Trincão e Morita para os lugares de Matheus Reis, Pote e Hjulmand. Tinham saído jogadores importantes e entrado outros, mas isso pouco se fez sentir no Sporting - embora se continuasse a sentir a ausência de Coates no centro da defesa -, que continuava dinâmico e em ascendente, apesar dos sinais de vida do Farense.

2ª parte foi intensa @Kapta+

Percebendo isso mesmo, Rúben Amorim não tardou em fazer saltar do banco o seu comandante e colocou em campo o capitão Coates, para estabilizar a equipa, numa altura em que o jogo se aproximava da sua ponta final. Rapidamente se sentiu a presença do uruguaio, especialmente no controlo dos duelos com Zé Luís (onde Diomande tinha tido dificuldades), mas a margem mínima mantinha-se e, por isso, a incerteza também. Os minutos finais pareceram não pertencer propriamente a alguém, mas o Sporting soube gerir a posse e acabou a vencer, justamente, por 3-2.

A liderança antecipada chegou antes do Clássico. Será que se mantém depois?

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