Livro: “Nanban-Jin. Os Portugueses no Japão”

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Como obras-primas da arte nanban, que retratam os “bárbaros do Sul”, i.e., os portugueses na chegada ao Japão, revela muito sobre quem chega e sobre quem recebe, pela lupa de Luís Filipe Thomaz.

Dificilmente alguém poderá ficar indiferente aos belíssimos biombos que assinalam a chegada dos portugueses ao Japão, no século XVI, os primeiros europeus com quem os japoneses teriam contacto. Funcionando quase como um espelho, o olhar fascinado de quem observa é replicado pelo do artista que criou estas extraordinárias obras mestras da arte nipónica conhecida como Nanban.

Em 2023 assinalaram-se os 480 anos sobre o desembarque dos portugueses na ilha de Tanegaxima. Nesse longínquo ano de 1543 – o mesmo em que morria Copérnico, o primeiro cientista europeu a defender que a Terra gira à volta do Sol – três portugueses pisavam o solo do País do Sol Nascente, conhecido na Europa graças às descrições de Marco Polo (que lhe chamou Cipango), mas nunca visitado. Era rei D. João III, cuja política prosseguia a visão geoestratégica de D. João II e o impulso expansionista do seu pai D. Manuel I.

Devemos aos jesuítas, que rapidamente iniciaram a evangelização de japoneses, as primeiras informações escritas mais estruturadas sobre o país, incluindo o clima, a alimentação ou a vida austera, e a primeira vinda de japoneses a Lisboa, onde chegaram em 1584 (dois anos e meio após a sua partida de Nagasáqui). Como curiosidade, refira-se que D. Catarina de Bragança encomendou um quimono para o seu filho, D. Teodósio, depois de se ter maravilhado com os que envergavam os nipónicos na sua visita a Vila Viçosa.

“Nanban-Jin. Os Portugueses no Japão”, do historiador Luís Filipe F. R. Thomaz, é editado pela Gradiva, inclui fotografias e reproduções de documentos de época e é prefaciado por João Paulo Oliveira e Costa.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

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