Livro: “Natureza Morta Com Brida”

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Divagações, físicas e mentais, do poeta e ensaísta polaco Zbigniew Herbert, num exercício abismado, procurando à sua volta aquilo que tanto o fascina nas telas dos seus pintores preferidos.

Numa carta de Benjamin Constant a Madame de Staël, o político e escritor franco-suíço afirmou que “Esta nação valente [Países Baixos] (…) vive sobre um vulcão, cuja lava é a água”.

De facto, quando pensamos no país, lembramo-nos logo de água. Mas, também, dos extraordinários pintores da chamada Idade de Ouro, coincidente com a criação da república independente, que se tornou na primeira potência capitalista do mundo, e em que floresceram, para além do comércio assente no poderio naval, as artes e a ciência.

Há nomes mais emblemáticos – como Vermeer, que nos dá a conhecer a vida privada da burguesia com os seus magníficos retratos do interior das casas; ou Rembrandt, outro grande contador de histórias do quotidiano neerlandês da época – e outros menos familiares, como Jan van Goyen, o paisagista favorito do poeta e ensaísta polaco Zbigniew Herbert.

Herbert viajou pelo país à procura dos ambientes dos quadros dos seus pintores favoritos, analisando o legado cultural, artístico e estético do século XVII. Grande frequentador de museus, foca a sua atenção na arte dos mestres, usando-a como ponto de partida para um apurado exame das especificidades, génio e carácter dos holandeses, da febre das túlipas às devastadoras consequências do capitalismo precoce.

Também a luz merece a sua atenção. Abismado, procura à sua volta aquilo que tanto o fascina nas telas: “Mesmo antes das oito da tarde, tudo começou a mudar – teve início um assombroso festival de vapor de água, uma metamorfose de formas e cores difícil de descrever, tanto mais que até o Sol do entardecer irradiava frívolos tons de rosa e o dourado das operetas”.

O resultado destas suas divagações – físicas e mentais – é “Natureza Morta Com Brida”, dezasseis ensaios em formato de relato de viagem, com edição portuguesa da Cavalo de Ferro e tradução do polaco de Teresa Fernandes Swiatkiewicz.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

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