Longe de Cabul

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O Afeganistão mergulhou no silêncio quando os taliban chegaram ao poder no verão de 2021. "Quando penso em viver sem música sinto que não posso respirar", declara Sevinch Majidi.

Há mais de dois anos que a estudante Sevinch não vê a família que ficou no Afeganistão. Ela estudava no ANIM - Instituto Nacional de Música do Afeganistão em Cabul. Agora vive no norte de Portugal, frequenta o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Braga tal como muitos outros estudantes afegãos que tiveram de fugir de Cabul.

Respira-se música no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. Esta escola artística é frequentada por alunos do 1.º ao 12.º ano. No verão de 2022 recebeu os afegãos.

Os alunos do ANIM - Instituto Nacional de Música do Afeganistão passaram por uma longa e atribulada viagem: saíram de Cabul para o Catar, onde ficaram algumas semanas. Depois seguiram para Lisboa, onde permaneceram alguns meses até finalmente serem acolhidos no Conservatório de Braga. Chegaram com medos, ansiedades, estranhezas.



Na saída abrupta de Cabul, em 2021, tiveram de abandonar sonhos, a escola, os instrumentos que tocavam. "Tranquei o meu violino numa sala em Cabul para o deixar a salvo, mas não sei o que lhe aconteceu", confessa Al Sina Hotak. Mas a paixão pela música não vacilou.

Vivem em Braga com o pensamento a voar sempre para as famílias em Cabul, que enfrentam uma severa crise económica e todas as outras restrições sociais e profissionais do regime taliban. Vivem em ansiedade permanente pelo que poderá estar a acontecer com as irmãs ou os irmãos, com as mães ou os pais. Enfretaram as diferenças de língua, comida, hábitos sociais, religião, cultura, mas mantêm o sonho de amplificar a voz da música afegã.

Foram a Genebra, tocaram no Palácio das Nacões Unidas quando se iniciava a Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro deste ano. Formam uma jovem orquestra no exílio à espera de conseguirem voltar a romper o slêncio no Afeganistão.


Longe de Cabul

é um documentário da autoria de Cândida Pinto e Daniel Mota com imagem de David Araújo e Daniel Mota, edição de Maria Azevedo e realização de Daniel Mota. Para ver a 20 de dezembro, às 21h00, na RTP1.

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