Lusovini quer recuperar o património genético do Dão

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São as primeiras cinco de doze castas esquecidas que a Lusovini começou a plantar na Vinha da Fidalga em 2017 e que está a estudar desde então.

A Lusovini vai estrear no mercado vinhos de três castas brancas e duas tintas de grande potencial que a viticultura e a enologia do Dão tinham deixado há décadas para trás “sem que se saiba ao certo porquê”, refere a empresa. Terrantez, Uva Cão e Douradinha são os novos vinhos Pedra Cancela Vinha da Fidalga a que as castas brancas deram origem. As castas tintas também dão nome a outros dois novos Pedra Cancela Vinha da Fidalga: Malvasia Preta e a Monvedro.

“São os cinco primeiros produtos finais de um projeto mais vasto que envolve 12 castas esquecidas que a Lusovini identificou, procurou e descobriu em vinhas antigas. Entre 2017 e 2019, plantou-as na sua Vinha da Fidalga, a quinta da Pedra Cancela situada no concelho de Carregal do Sal. Desde então o investimento vitícola e enológico da Lusovini concentrou-se no comportamento na vinha, e, depois, em microvinificações das cinco castas já engarrafadas e de outras sete castas do Dão igualmente “esquecidas” que, agora, aguardam a sua vez: Arinto do Interior, Gouveio, Rabo D’Ovelha, Luzídio, Barcelo (brancas) e Coração de Galo e Corninfesto (tintos)”.

“Decidimos avançar com as cinco castas cujos resultados são, para já, mais interessantes”, afirma Casimiro Gomes, administrador, citado em comunicado, mas que aqui aplicou a sua paixão técnica como principal responsável pelas experiências vitícolas que decorrem na Vinha da Fidalga. “Tem sido fascinante, não só observar o comportamento das castas na vinha, que estamos apenas a começar a perceber, como ver também o valor extraordinário que elas já demonstram a solo e, potencialmente, em futuros lotes”. Este pioneirismo da Lusovini é, para Casimiro Gomes, “antes de mais, um serviço prestado à região e à recuperação do seu património genético”.

As primeiras experiências com microvinificações começaram em 2021. Mas foi em 2022 que se considerou terem surgido os primeiros vinhos com potencial comercial. “Decidimos fazer todo o processo de vinificação e de estágio da forma mais neutra possível”, afirma Sónia Martins, presidente executiva da Lusovini e principal responsável pela sua enologia. “Nesta fase prescindimos da madeira e optámos por depósitos inox e leveduras neutras: o nosso objetivo, é percecionar o melhor possível as caraterísticas próprias de cada uma das castas e, assim, obter informação autêntica, sem artifícios”.

Boa parte das 12 castas plantadas na Quinta da Fidalga foi obtida junto de experientes enxertadores da região que, desde as últimas décadas do século XX, têm trabalhado e feito enxertias em quase todas as quintas e vinhas do Dão. Foram eles que disseram onde estavam as vinhas das quais vieram a maior parte dos “garfos” (enxertos) de castas antigas para as parcelas da Lusovini. Outras castas foram encontradas no Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, em Nelas.

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