Mais de meio milhão de pessoas fugiram do Líbano para a Síria

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De acordo com o comité governamental do Líbano, em pouco mais de um mês, 500.000 pessoas fugiram para a Síria dos bombardeamentos israelitas contra alvos do Hezbollah.

"Entre 23 de setembro e 25 de outubro, a Segurança Geral registou a passagem de 348.237 cidadãos sírios e de 156.505 cidadãos libaneses libaneses para o território sírio", precisou o comité em comunicado, esta sexta-feira.

Israel tem bombardeado diversos locais em todo o Líbano, alegadamente afetos à produção de armamento pelo Hezbollah, assim como a sede dos serviços de informação da milícia xiita libanesa.

Outros alvos israelitas têm sido os postos de controlo da fronteira síria-libanesa, controlados pelo exército sírio e usados, de acordo com Israel, para transferir armas para o Hezbollah no Líbano.

Nas últimas horas, foi bombardeada a travessia de Jousieh, no vale de Bekaa. O ministro libanês dos Transportes, Ali Hamieh, afirmou que a passagem ficou inutilizada, e que a única via para a Síria é agora a rota pelo norte.

A Agência da ONU para os refugiados disse que os bombardeamentos estão a dificultar a fuga dos civis. 

Rula Amin, porta-voz da ACNUR, referiu que, desde o início da campanha de Israel contra o Hezbollah, cerca de 430 mil pessoas já deram entrada na Síria. O Líbano era até então um dos destinos prioritários de sírios refugiados da guerra civil no seu país.


"Os ataques aos postos de fronteira são uma grave preocupação", disse Amin. "Estão a bloquear o caminho para a segurança para as pessoas que fogem de conflitos".
Guerra sem fim
Esta sexta-feira, Hezbollah e Israel prosseguiram os ataques mútuos transfronteiriços.

Um bombardeamento israelita matou três jornalistas no sul do Líbano, desencadeando reações de repúdio. Horas depois, Israel afirmou que o incidente está "a ser analisado".

Uma salva de mísseis da milícia xiita fez entretanto dois mortos em Majd al-Krum, no norte de Israel.


A Missão de Paz da ONU no Líbano, a UNIFIL, afirmou que Israel tinha efetuado disparos contra capacetes azuis num dos seus postos de obervação perto da fronteira, em Dharya, quinta-feira, levando-os a abandonar o posto, se bem que não a base.

O exército israelita negou qualquer ataque deliberado à UNIFIL, e referiu que o Hezbollah construir abrigos perto das bases dos soldados da paz. Este não foi o primeiro incidente entre soldados israelitas e a UNIFIL.

Washington e a Jordânia voltaram entretanto a apelar a um cessar-fogo.

Em Londres, o secretário de Estado Antony Blinken afirmou ser urgente encontrar uma solução diplomática para o conflito.

"Temos uma sensação de urgência real na obtenção de uma solução diplomática e na implementação plena da resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, de forma a que exista uma segurança real na área da fronteira entre Israel e o Líbano", afirmou.

É importante para que "as pessoas de ambos os lados da fronteira sintam confiança para regressar às suas casas", acrescentou.

O ministro jordano dos Negócios Estrangeiros, que se reuniu com Blinken na capital britânica, afirmou por seu lado que estava em curso uma operação de "limpeza étnica" no norte de Gaza.

Ayman Safadi afirmou que "estamos no momento em que nada justifica a continuação das guerras. As armas têm de se calar".
Israel e o cessar-fogo

Israel lançou no final de setembro duas operações de envergadura, uma contra o Hamas, entrincheirado em Jabalia, no norte de Gaza, e outra contra o Hezbollah.

Israel negou as acusações de limpeza étnica afirmando que, nas suas recentes operações se tem limitado a separar civis dos militantes do Hamas ali entrincheirados, movendo-os para áreas mais seguras.

A guerra contra o Hezbollah tem visado enfranquecer o arsenal da milícia libanesa e garantir o regresso de milhares de israelitas forçados a abandonar as suas casa no norte devido à pressão dos ataques dos xiitas libaneses, desencadeados há um ano para desviar recursos militares israelitas das operações em Gaza.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou ainda o Hezbollah de estar a preparar uma invasão em tudo semelhante à do Hamas, de 7 de outubro de 2023, que desencadeou os actuais conflitos na região. Washington expressou o desejo de que a recente morte de Yahya Sinwar, um dos líderes do Hamas e principal autor do ataque de 7 de outubro, que fez 1200 mortos e sequestrou 250 israelitas, pudesse abrir caminho ao fim dos combates.

Esperam-se para o fim-de-semana novas rondas de negociações em Doha, para um cessar-fogo em Gaza, incluindo a libertação dos reféns sequestrados há mais de um ano em Israel.

O Hezbollah e o Hamas são ambos grupos apoiados pelo Irão e visam a destruição de Israel. 

A 1 de outubro, em retaliação pela morte de diversos dirigentes dos dois grupos nas operações militares israelitas, o Irão disparou cerca de 200 mísseis supersónicos e drones contra Israel, alguns dos quais conseguiram passar a defesa israelita. Televive prometeu responder mas ainda não o fez.

"O mundo tem de parar o Irão agora - antes que seja tarde de mais", escreveu o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, na rede social X.

com agências

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