“Mais do que criar um ambiente de terror em relação à IA, é preciso mostrar os riscos, a forma de os mitigar e as oportunidades”

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“Quando falamos em IA, muitas vezes há uma clivagem entre o que se passa na Europa e nos Estados Unidos. Na Europa, olhamos para o tema muito na perspetiva do risco e da regulação. E nos EUA olha-se muito na perspetiva da oportunidade”, disse o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos durante o painel dedicado à IA e à regulação, partilhado com Lénia Mestrinho, diretora executiva do Centro de Data Science da Nova SBE, e com Nuno Vieira, sócio da Antas da Cunha, ECIJA.

Gonçalo Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), defendeu esta quarta-feira, durante a conferência de aniversário do Jornal Económico, que a abordagem em relação ao crescimento da Inteligência Artificial (IA) deve ser de transparência quantos aos riscos e às oportunidades que o tema acarreta.

“Mais do que criar um ambiente de terror em relação à IA, é preciso mostrar os riscos, as oportunidades e a forma mitigar os riscos”, disse o advogado durante o painel dedicado à IA e à regulação, partilhado com Lénia Mestrinho, diretora executiva do Centro de Data Science da Nova SBE, e com Nuno Vieira, sócio da Antas da Cunha, ECIJA.

“Quando falamos em IA, muitas vezes há uma clivagem entre o que se passa na Europa e nos Estados Unidos. Na Europa, olhamos para o tema muito na perspetiva do risco e da regulação. E nos EUA olha-se muito na perspetiva da oportunidade. E não só nos EUA, mas na Coreia e na China. E isso leva a uma diferença no modo como isto é abordado”, distinguiu, insistindo que “é evidente que a inteligência artificial tem riscos”.

Uma das chaves passa por assegurar que a população está informada sobre o assunto. “Os cidadãos devem estar conscientes de que esses riscos existem, de que têm direitos e os podem exercer. E muitas vezes não há essa consciência. Não há consciência da intervenção que se pode ter no espaço digital em relação à identidade digital, não há consciência de questões mas tão importantes como o testamento digital. É preciso informar as pessoas”, acrescentou.

Passando a outro ângulo de conversa da IA – a adoção da tecnologia pelas organizações -, Lénia Mestrinho disse que, “se há dois/três anos, os dados da IA ainda estavam muito na periferia” para as empresas, a história hoje é outra.

“As empresas indicavam duas/três pessoas em centenas de colaboradores que deveriam saber mais sobre estas áreas. O que vemos agora é uma revolução muito grande nesse sentido. As empresas procuram-nos e querem um plano de transformação como um todo, desde o analista, desde a pessoa que entrou na organização ontem, até ao CEO”, explicou.

“A organização já percebeu que a transformação tem de ser intrínseca, holística e tem de abranger toda a gente e tem de alinhar numa estratégia todos os colaboradores”, disse a mesma responsável.

Sobre o trabalho feito com as empresas, sobretudo grandes empresas, Lénia mostra que a “revolução” é palpável. “Trabalhamos com muitas empresas, e aquilo que vimos é que muitas já têm um grau de maturidade analítica bastante avançado, o modelo de governação, as infraestruturas tecnológicas, a aposta nos sistemas, software, recursos”, detalhou, apontando para “alguma robustez nesse sentido”.

“Um dos principais desafios é a rapidez da adaptação e da adoção destas tecnologias”, indicou.

A representar a Antas da Cunha, ECIJA na conferência, Nuno Vieira abordou a literacia digital – ou a falta dela – na conversa moderada pelo subdiretor do JE, Ricardo Santos Ferreira.

Para o sócio da mesma sociedade de advogados, “Portugal ainda não conseguiu apanhar a onda da Web3, fundamentalmente por falta de literacia digital”.

“Na quarta revolução industrial, há uma soma de duas realidades: a literacia digital e a literacia financeira”.

Em 2025, o impacto da economia digital no Produtos Interno Bruto (PIB) deverá ser de 25%, recordou, aludindo a dados da Oxford Economics.

“Espanha deverá andar nos 20%, a China 50%, e Portugal, apesar da falta de métricas, poderá andar na ordem dos 7%. Isto quer dizer que os impactos reais da economia digital na economia portuguesa não têm sido relevantes e, muitas vezes, porque não sabemos olhar para alguns exemplos”, analisou, dando como exemplo a Coreia do Sul.

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