Manifestações no Quénia "correm o risco de destruir o país"

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As manifestações antigovernamentais que abalam o Quénia há mais de um mês "correm o risco de destruir o país", advertiu hoje o Presidente queniano, William Ruto, assegurando "prometer que vão parar".

Desde 13 de junho que o Quénia está envolvido em manifestações e protestos que inicialmente eram dirigidos contra um projeto de orçamento que previa diversos aumentos impostos, mas que acabou por ser retirado pelo Presidente Ruto, devido à dimensão da mobilização da população.

As manifestações transformaram-se num caos no dia 25 de junho, quando os manifestantes invadiram o Parlamento, com a polícia disparar balas reais.

De acordo com uma organização oficial de defesa dos Direitos Humanos, pelo menos 50 pessoas foram mortas desde o início dos protestos.

Apesar do anúncio da retirada do projeto de orçamento, centenas de manifestantes continuam a reunir-se em todo o país para exigir a demissão do Presidente, estando previstas novas manifestações para a próxima semana.

"Quero prometer que isto vai acabar, já chega", disse hoje Ruto. Os protestos "correm o risco de destruir o nosso país", avisou.

E prosseguiu: "vamos proteger a vida, vamos proteger a propriedade, vamos parar os saqueadores, vamos parar os assassinos, vamos parar o caos, vamos parar a anarquia porque o Quénia é uma democracia e queremos uma nação pacífica e estável. E os nossos problemas são resolvidos por meios democráticos".

Ruto, que enfrenta a pior crise desde a sua eleição em 2022, disse também que respondeu às exigências dos manifestantes, nomeadamente retirando o projeto de orçamento e propondo um diálogo nacional.

Na quinta-feira, um tribunal suspendeu a proibição de manifestações no centro da capital queniana, Nairobi, que tinha sido imposta no dia anterior pela polícia.

Hoje, o líder da oposição, Raila Odinga, declarou que "a justiça deve ser feita antes de qualquer discussão", referindo-se em particular à indemnização das vítimas de "violência policial".

O governo foi apanhado de surpresa por manifestações organizadas por representantes da "geração Z" (nascidos depois de 1997) e não com base nos partidos existentes.

Em 11 de julho, em resposta aos protestos, o presidente queniano demitiu quase todo o governo. Mas, na sexta-feira, apresentou uma lista, ainda provisória, de 11 ministros, quatro dos quais regressaram às suas antigas pastas, incluindo as do Interior e da Defesa.

O projeto de orçamento tem sido um catalisador do descontentamento latente contra o William Ruto, que foi eleito em agosto de 2022 com a promessa de defender os mais pobres, aumentou depois a carga fiscal sobre a população.

A dívida pública do Quénia, que é uma das principais economias da África Oriental, ascende a cerca de 10.000 mil milhões de xelins (71.000 milhões de euros), ou seja, cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB).

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