Marca portuguesa de iogurte Yonest enfrenta Coca-Cola e regista marca na UE

5 meses atrás 80

Em declarações à agência Lusa, o fundador da Yonest, Filipe Botto, avançou que o registo da marca nos 27 países da União Europeia (UE), obtido em finais de 2023, permitiu agora o regresso ao mercado português - após ter sido obrigada a interromper a produção em 2020, penalizada pela pandemia e pela falta de uma perspetiva clara de expansão europeia --, assim como a entrada em Espanha (a concretizar em finais de abril/maio) e, até 2025, noutros mercados da Europa.

Conforme explicou, durante os últimos cinco anos a empresa esteve impedida de utilizar livremente a sua marca Yonest fora de Portugal, o que representou um "sério entrave ao desenvolvimento internacional, mas também ao projeto como um todo".

"A falta de uma perspetiva clara de expansão europeia limitou a empresa ao espaço económico nacional, claramente insuficiente para os planos de crescimento da empresa", afirmou Filipe Botto.

Segundo o responsável, este fator "contribuiu decisivamente para a difícil decisão de interrupção da produção em 2020", com a chegada da pandemia de covid-19: "Não havia um caminho claro de crescimento para mercados internacionais e o mercado nacional não era suficiente para a continuidade da atividade, especialmente num ambiente de enorme incerteza que começou com a pandemia, mas que continua com grande instabilidade internacional e sem fim à vista", considerou.

Desde então, a Yonest continuou, contudo, a trabalhar em soluções de aumento de capacidade produtiva, mantendo as garantias de alta qualidade para os seus produtos, assim como num posicionamento como marca de iogurte "claramente focado em `nutrição 100% natural e sustentável`", que incluiu um `rebranding` com a assinatura "Yonest, The Real Yogurt Company".

Entre as decisões tomadas, a marca destaca a conversão das embalagens de iogurte para um material de base em papel, o que permitiu poupar 95% de material de embalagem em peso relativamente às anteriores soluções.

O diferendo entre a Yonest e a Coca-Cola iniciou-se na sequência da primeira tentativa de registo da marca portuguesa no espaço da UE, em 2018, relativamente à qual a multinacional apresentou oposição -- "incompreensivelmente", segundo Filipe Botto --, por alegar "confundibilidade com uma marca sua de bebidas à base de chá", de nome Honest.

"A Yonest foi registada em 2011 em Portugal e é mais antiga na UE do que a marca de que a Coca-Cola dispõe, pelo que teria prioridade", argumenta o fundador.

Ainda assim, a Coca-Cola tentou contrariar as pretensões da empresa portuguesa à entrada no mercado europeu, o que obrigou a Yonest a várias ações de defesa, entre elas a interposição de uma providência cautelar, em 2019, e outros processos junto do Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO).

Na providência cautelar interposta em 2019, a Yonest apontou uma "violação grave dos direitos da marca" por parte da Coca-Cola ao introduzir em 2018 em Portugal a marca de bebidas com chá, açúcar, concentrados e aromas de frutas denominada Honest, que a multinacional tinha adquirido nos EUA havia alguns anos.

O objetivo era que o grupo Coca-Cola fosse obrigado a interromper a comercialização dos produtos Honest em Portugal, tendo em conta que, à semelhança da Yonest, esta marca comercializava produtos também lácteos (café e chocolate com leite) e preparados de fruta, sendo "absolutamente claras as parecenças em termos visuais e sonoros, num espaço de produtos muito semelhante".

Embora a empresa nacional tenha acabado por não ganhar a providência cautelar, o argumento usado pela Coca-Cola para dela se defender em Portugal -- que as marcas não eram confundíveis -- acabou por levar o EUIPO a não dar razão à pretensão inicial da gigante norte-americana, permitindo o registo da Yonest na UE.

Como resultado, e desde há cerca de um mês, a Yonest está novamente presente nos supermercados em Portugal e `online`, em www.yonest.com.

Ler artigo completo