Marcelo começa hoje a ouvir partidos. Santos Silva quer "negociação" entre PS e PSD

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Chega com poder para impor inquéritos parlamentares e pedir fiscalização de leis Santos Silva defende entendimentos entre PS e PSD em áreas como a Justiça

Chega com poder para impor inquéritos parlamentares e pedir fiscalização de leis

Chega com poder para impor inquéritos parlamentares e pedir fiscalização de leis

O Chega ultrapassou a fasquia de um quinto dos deputados nas legislativas de domingo, o que lhe permite impor a constituição de comissões parlamentares de inquérito ou requerer a fiscalização da constitucionalidade de leis.

O crescimento de 12 para 48 deputados abre ao partido liderado por André Ventura mais possibilidades de ação, como poder recorrer ao Tribunal Constitucional para pedir a fiscalização de constitucionalidade de leis.

A Constituição da República Portuguesa estabelece que um décimo dos deputados à Assembleia da República, 23, pode pedir a fiscalização abstrata da constitucionalidade e da legalidade de diplomas.

Quanto à fiscalização preventiva da constitucionalidade, 46 deputados, ou seja, um quinto dos representantes da Assembleia da República em efetividade de funções, podem requerer ao Tribunal Constitucional esta apreciação sobre "qualquer norma constante de decreto que tenha sido enviado ao Presidente da República para promulgação como lei orgânica".

Com mais de um quinto dos deputados, o Chega pode também forçar a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito.

A Constituição estabelece que "as comissões parlamentares de inquérito são obrigatoriamente constituídas sempre que tal seja requerido por um quinto dos deputados em efetividade de funções, até ao limite de uma por deputado e por sessão legislativa".

Nesta legislatura, o Chega propôs várias comissões de inquérito, que acabaram todas rejeitadas. Perante os 'chumbos', e uma vez que não tinha deputados suficientes para avançar potestativamente (com caráter obrigatório), o partido tentou desafiar o PSD para levar por diante os inquéritos, mas nunca foi acompanhado nas suas propostas.

O Regimento da Assembleia da República estabelece que os quatro maiores grupos parlamentares podem propor um vice-presidente "e, tendo um décimo ou mais do número de deputados, pelo menos um secretário e um vice-secretário".

Nesta legislatura, o Chega propôs quatro nomes diferentes para vice-presidente da Assembleia da República, mas foram todos rejeitados.

No que toca às candidaturas para presidente da Assembleia da República, "devem ser subscritas por um mínimo de um décimo e um máximo de um quinto", sendo eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções.

Com um grupo parlamentar maior, o Chega irá também ganhar mais direitos potestativos no parlamento, como debates de urgência ou de atualidade ou a fixação da ordem do dia das sessões plenárias.

Relativamente aos decretos que tenham sido vetados politicamente pelo Presidente da República, a nova apreciação do diploma pelo parlamento pode ser agendada por um décimo dos deputados, ou seja, 23.

O Chega quadruplicou o número de deputados nas eleições de domingo, passando de 12 para, pelo menos, 48, de acordo com os resultados provisórios, numa altura em que ainda não foram atribuídos os quatros mandatos dos círculos da Europa e Fora da Europa.

A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.

Santos Silva defende entendimentos entre PS e PSD em áreas como a Justiça

Santos Silva defende entendimentos entre PS e PSD em áreas como a Justiça

O presidente cessante da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, admite entendimentos entre PS e PSD em áreas como a justiça, defendendo que cabe ao PS "o lugar da oposição", numa entrevista hoje divulgada.

"Há matérias que, pela sua importância, aconselham a que haja diálogo, cedência mútua, negociação e compromisso entre os dois partidos, ou entre o Governo e a oposição. Uma área que está mesmo a pedir isso é área da justiça. Portanto, um ser governo e o outro ser oposição não significa que não se entendam nas áreas em que é preciso entender-se e não significa que radicalizem as suas posições, quando as suas posições são tradicionalmente próximas", defendeu Augusto Santos Silva.

Em entrevista à Rádio Renascença, o cabeça de lista socialista pelo círculo de Fora da Europa considerou que "a pior coisa que podia suceder a Portugal seria ter um bloco central assumido ou envergonhado e o Chega a liderar a oposição" e considera que é ao PS que cabe o "lugar da oposição".

"O Chega obteve um milhão e 100 mil votos, o que são 18% dos eleitores. Eu também olho para os restantes 82%. Portanto, não dêmos mais importância a um fenómeno que, na minha opinião, já tem uma gravidade assinalável", sustentou o ainda presidente do parlamento.

Sobre o futuro e a governabilidade, recusa tecer cenários: "Sei que o país já pagou um preço bastante elevado, na minha modesta opinião, por ao longo de 2023, senão mesmo ao longo de 2022, se terem sucedido os comentários sobre uma eventual interrupção da legislatura. Nós devemos contribuir para a estabilidade. Os resultados são conhecidos, portanto, é hora de construir e não de estar a imaginar já a próxima catástrofe", afirma o antigo ministro.

Augusto Santos Silva diz aguardar "com serenidade" os resultados dos círculos da emigração, dos quais depende a sua própria eleição como deputado.

O Presidente da República começa hoje a ouvir os partidos e coligações que elegeram deputados nas eleições de domingo, um processo de auscultação que se inicia com o PAN e termina no dia 20 com a AD.

O objetivo de Marcelo Rebelo de Sousa é ouvir todos os partidos políticos e coligações que estarão representados na Assembleia da República, tendo em conta os resultados provisórios anunciados pelo Ministério da Administração Interna e sem prejuízo dos círculos que ainda falta apurar.

Falta ainda contabilizar os resultados dos dois círculos da emigração - da Europa e de Fora da Europa - que elegem cada um dois deputados, o que deve acontecer no mesmo dia em que será ouvida a AD.

O artigo 187.ª da Constituição da República Portuguesa estabelece que "o primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".

A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).

A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

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