Marcelo destaca qualidades do presidente do COP

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Deixa-nos um legado pesado, mas muito enriquecedor para Portugal. Pesado porque é preciso, agora, que todos juntos consigamos pegar nesse legado e leva-lo por diante. Não é fácil encontrar aquela teimosia, aquela determinação e persistência que o caracterizavam”, disse Marcelo Rebelo de Sousa à saída do velório de José Manuel Constantino, que faleceu no domingo aos 74 anos, último dia dos Jogos Olímpicos Paris2024.

O Presidente da República lembrou essa coincidência: “Acompanhou até ao último instante os Jogos Olímpicos de Paris. Aparentemente ainda terá percebido o último sucesso que tivemos, com a conquista da medalha de ouro, para nos deixar minutos antes do começo da cerimónia de encerramento. É impressionante. É uma vida que é uma obra e uma obra que é uma vida”.

Questionado sobre o contributo de Constantino para o desporto nacional, Marcelo Rebelo de Sousa destacou ter sabido “explicar como o desporto não é uma realidade fora da sociedade”, para responsabilizar os governantes, todos, locais e nacionais, na sua promoção.

Ele soube transformar a cultura das pessoas. Criar uma cultura olímpica dá trabalho, muito trabalho. Ele fez isso durante anos da sua vida e depois, dentro dessa criação, havia que preparar os Jogos Olímpicos e acompanhar tudo em pormenor. Ele sabia tudo sobre todos e todas e isto não se encontra, cada um sabe da sua área. Tinha uma determinação e um sentido de missão que são muito raros, era uma pessoa verdadeiramente despojada de interesses pessoais”, lembrou.

Marcou a história do desporto em Portugal

Marcelo Rebelo de Sousa foi mesmo mais longe ao considerar que José Manuel Constantino marcou a história do desporto em Portugal durante três olimpíadas e lembrou os seus escritos sobre desporto nas autarquias, desporto para o povo e o desporto e a sociedade, mas “marcou, sobretudo, pela sua liderança, esta coisa única que é estar sentado no banco, quando é preciso, ao lado dos atletas, mesmo estando num estado de saúde muito precário”.

Ainda em declarações aos jornalistas, junto à sede do COP, em Lisboa, admitiu que não vai ser fácil substituir Constantino.

Não estou preocupado com a sucessão, quem tem de decidir, decidirá em tempo oportuno e, certamente que irá aproveitar tudo o que de muito bom ele fez e projetar isso no futuro. Nós, portugueses, temos pessoas excelentes, mas como ele não é fácil encontrar em cada esquina da história”, prosseguiu.

O Presidente da República ainda recordou um episódio recente com o presidente do COP: “Ele foi a Belém num estado muito precário e eu tentei convencê-lo a falar sentado, ele levantou-se, eu tentei convencê-lo a fazer um discurso curto e ele falou imenso, sem apoio, sem público, sem nada. Aquilo saía-lhe da alma, eu pensava: mas como é que é possível, como ele aguenta isto, como é que ele renasceu”.

“Aguentava porque era a alma dele, dava-lhe vida e ele vivia intensamente a vida, tinha uma grande alegria de viver. Quem não tem alegria de viver, mesmo nas piores circunstâncias, e as de saúde são as piores, desbarata o que a vida tem até ao último segundo. E para ele teve até ao ultimo segundo, ao saber da medalha de ouro”, concluiu.

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