"Conheci pessoalmente Jacques Delors quando foi Doutor Honoris Causa pela minha Universidade [de Coimbra] em 1992. Mário Soares foi o seu padrinho, aquele que assegura o mérito do homenageado, como não poderia deixar de ser e, assim, destacámos também nesse dia a sua visão para a construção europeia, alargando muito aquela que tinha sido a dos seus fundadores", reagiu Maria Manuel Leitão Marques.
Numa nota enviada à agência Lusa, a eurodeputada socialista destacou ainda o passo dado por Jacques Delors, que à frente da Comissão Europeia fez com que, "de económica, a Comunidade tivesse passado a ser política, além de tudo o resto".
Jacques Delors morreu hoje em Paris aos 98 anos, informou a sua filha Martine Aubry à agência France Presse.
"Morreu esta manhã [quarta-feira] na sua casa em Paris, enquanto dormia", afirmou Martine Aubry, presidente socialista da câmara municipal de Lille.
Figura da construção do projeto europeu e considerado o "pai do euro", Jacques Delors foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995 (durante três mandatos).
No seio da UE, ficou conhecido por ter aprovado o Ato Único Europeu, em 1986, que levou à criação do Mercado Único, o primeiro do género ao nível mundial, em 1993.
Foi protagonista na transformação da Comunidade Europeia em União Europeia, o que permitiu uma transição para a moeda única (o euro) e para uma maior cooperação ao nível da defesa.
Nome incontornável da esquerda francesa, foi ainda ministro francês das Finanças e eurodeputado.
Jacques Delors frustrou as esperanças desta ala partidária ao recusar apresentar-se às eleições presidenciais de 1995 em França. Na altura, era favorito nas sondagens.
Leia Também: Delors. Olaf Scholz enaltece "construtor da UE tal como a conhecemos"