Medicina de emergência. "Médicos que trabalham nas urgências não têm qualificação específica"

2 horas atrás 20

Saúde

23 set, 2024 - 10:37 • André Rodrigues

Nelson Pereira, médico intensivista e diretor clínico da ULS Tâmega e Sousa considera que a futura criação da especialidade em Medicina de Urgência e Emergência é o reconhecimento de uma área "totalmente autónoma" que é decisiva para salvar vidas em situações agudas.

O diretor clínico da Unidade Local de Saúde (ULS) do Tâmega e Sousa considera que a criação de uma especialidade em Medicina de Urgência e Emergência será “o reconhecimento de que a parte urgente e emergente de cada doença tem uma abordagem que é, na maior parte das vezes, comum”, mas que é “totalmente autónoma no contexto geral do conhecimento médico”.

Em declarações à Renascença, no dia em que a Ordem dos Médicos vota a proposta para a criação desta nova especialidade, o médico intensivista Nelson Pereira saúda o facto de, “ao longo dos últimos anos terem praticamente desaparecido as resistências que havia em alguns colégios de especialidades” quanto à criação desta nova área da Medicina e lembra que, cada vez mais, torna-se necessário que os hospitais tenham uma “resposta imediata salvadora de vidas nos primeiros momentos de situação aguda, que podem condicionar a evolução de uma lesão irreversível, ou, mesmo, implicar a perda de vida”.

“Olhando para a realidade portuguesa, nós temos de ter noção que muitos dos médicos que trabalham nos nossos serviços de urgência não tem qualificação específica” para responder da forma mais eficaz possível a este tipo de quadros.

Homem morre depois de esperar uma hora por socorro. INEM admite atraso e abre inquérito

“Na gíria médica, costuma-se dizer que a medicina de urgência são os primeiros 15 minutos de cada doença. Claro que isto é apenas uma expressão. Mas significa que cada doença, quando é aguda, tem um tempo de intervenção que é curto, que é necessariamente muito técnico e que exige uma intervenção muito atempada”, seja quando o médico tem o doente diante de si num hospital, seja quando ainda está a ser feita a intervenção pelo INEM.

“Colocar a criação de uma especialidade em cima da mesa é garantir que as pessoas que exercem essa função têm treino específico durante cinco anos para, depois, de forma autónoma, tenham a qualificação necessária e suficiente para lidar com situações que são condicionantes da sobrevida e da qualidade de vida, após uma qualquer situação de maior perigo de vida”, conclui.

A Assembleia de Representantes da Ordem dos Médicos vota esta segunda-feira a proposta para a criação de uma nova especialidade em Medicina de Urgência e Emergência.

Se for aprovada, a formação dos primeiros especialistas começa em janeiro de 2025 e terá a duração de cinco anos.

Destaques V+

Ler artigo completo