Médio Oriente. Sánchez defende papel ativo da UE e pontes com países árabes

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O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, disse hoje que a União Europeia tem de ter um papel ativo na procura da paz no Médio Oriente e deve, para isso, construir pontes com países árabes.

"É essencial que a União Europeia tenha um papel ativo na procura de soluções. É isso que estamos a fazer e em que estamos a trabalhar em Espanha", disse Sánchez, numa conferência de imprensa no Qatar, no final de uma visita de dois dias ao Médio Oriente para abordar a guerra na Faixa de Gaza que o levou também à Jordânia e à Arábia Saudita.

O líder do governo espanhol considerou que está em causa a credibilidade da União Europeia (UE) quando defende os princípios de paz e respeito pelas normas internacionais, mas também a própria segurança da Europa.

A UE deve "construir pontes com aliados árabes" para trabalharem "em conjunto pela paz", afirmou, em Doha, ao lado do primeiro-ministro do Qatar, Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani.

Sánchez saudou os esforços de países como os três que visitou nestes últimos dias, que designou como "atores de primeiro nível" em negociações e propostas para uma solução para o atual conflito entre Israel e o Hamas, o grupo radical islamita que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

Neste contexto, manifestou a estes países "apoio total de Espanha tanto a nível nacional" como para a procura de um "consenso com a União Europeia" e a generalidade da comunidade internacional.

Após dois dias na Jordânia, Arábia Saudita e Qatar, Sánchez sublinhou as preocupações com a "catastrófica crise humanitária" na Palestina, sobretudo na Faixa de Gaza, e também "o risco real" de alastramento da guerra a outros países, algo em que também insistiu Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani.

Sublinhando que o conflito "só tem piorado" nos últimos meses, reconheceu que há porém um cada vez maior consenso na comunidade internacional em torno da ideia de que é imperativo "acabar com a guerra", começando por um cessar-fogo imediato.

Reiterou também o compromisso de Espanha reconhecer o estado palestiniano em breve, por considerar que a solução dos dois estados (Israel e Palestina) é fundamental para uma paz permanente na região.

Neste contexto, voltou a sublinhar que essa solução passa igualmente pelo reconhecimento total de Israel pelos países árabes e disse que Espanha apoiará a integração da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas.

A Palestina retomou oficialmente na terça-feira o procedimento para se tornar um Estado-membro de pleno direito da ONU.

Questionado pelos jornalistas sobre as explicações de Israel sobre a morte de funcionários de uma organização humanitária em Gaza na terça-feira, Sánchez considerou serem insuficientes.

"Esperamos esclarecimentos muito mais pormenorizados e detalhados", afirmou, antes de lembrar que Israel conhecia, aparentemente, a atividade "e o itinerário" dos funcionários da organização em causa.

As pessoas que morreram no ataque israelita pertenciam à World Central Kitchen (WCK), fundada em 2010 pelo `chef` espanhol José Andrés e uma das duas organizações não-governamentais (ONG) envolvidas na entrega de ajuda a Gaza por via marítima a partir de Chipre.

Pelo menos 196 trabalhadores humanitários foram mortos em Gaza desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, de acordo com as Nações Unidas.

Em 07 de outubro de 2023, o Hamas fez um ataque no sul de Israel que causou a morte de pelo menos 1.160 pessoas, segundo uma contagem da agência francesa AFP baseada em dados oficiais israelitas.

Segundo Israel, cerca de 250 pessoas foram raptadas nesse mesmo dia e 130 delas continuam reféns em Gaza.

Em represália, Israel bombardeou a Faixa de Gaza, a que se seguiu uma ofensiva terrestre. Pelo menos 32.975 pessoas, na sua maioria civis, morreram até agora nas operações israelitas, segundo o Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

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