Miguel Jalôto dirige Orquestra Barroca de Jerusalém em Israel

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"Este convite vem na sequência das minhas visitas anteriores a Israel, onde levei já duas vezes o meu grupo, o Ludovice Ensemble, para programas de música antiga portuguesa", disse o cravista à agência Lusa.

Sobre a situação em Israel, Jalôto afirmou que "a guerra está, claro, muito presente na vida das pessoas, vários dos músicos perderam familiares no ataque terrorista de 07 de outubro [do ano passado, pelo Hamas], outros têm família, filhos ou maridos, como soldados, no terreno, em Gaza, mas eles têm uma energia e uma resistência incrível", disse, salientando que se "aprende muito" no país.

"Em Telavive não se sente, à partida, que é um país em guerra; desde final de dezembro que tentaram retomar as atividades normalmente, mas eu já cá estive três vezes antes, e é fácil ver a diferença. Está tudo muito silencioso, o aeroporto de Ben Gurion, que é sempre muito movimentado, 24 horas sobre 24, está quase deserto", disse.

O músico português encontra-se, atualmente, em Jafa: "Do outro lado do meu hotel é o estádio de futebol de Telavive, [quarta-feira] houve jogo, ou seja, é a normalidade que sempre conheci em Israel. O que mudou é mesmo a tristeza, a apreensão... Os cartazes com os reféns, a dizer 'bring them back' [tragam-nos de volta]".

Miguel Jalôto vai apresentar-se com a Orquestra Barroca de Jerusalém em Rehovot, no sábado, no Sela Auditorium, no dia seguinte, em Jerusalém, no YMCA Auditorium, e, no dia 16 em Telavive, no Centro Cultural da cidade, sede da Orquestra Filarmónica de Israel.

O programa dos três concertos, intitulado "La Bizarre", é constituído por cinco peças. Em duas delas -- no Concerto n.º 4, para cravo solo e orquestra, em Lá Maior, de Johann Sebastian Bach, e no Concerto para cravo solo e orquestra em sol menor, de Carlos Seixas -- Jalôto será o solista.

As outras peças do programa são a abertura para orquestra, "La Bizarre", em Sol Maior, de Telemann, o Concerto n.º 2 em Sol Maior, de Rameau, e o Concerto grosso n.º 2, em dó menor, de Geminiani.

Trata-se de "um programa muito variado, que mostra várias facetas e estilos do período barroco - o barroco italiano, francês, alemão, ibérico - mas que de alguma forma está unificado por explorar esta ideia de 'bizarria', que no período barroco não era algo pejorativo, mas uma qualidade".

"Era a ideia de se ser diferente, de se ser audaz, de ser original, mas não de uma forma demasiado óbvia ou provocativa. É a valorização da variedade, da diferença, mas sem deixar de se fazer entender pelo 'outro'", argumentou Jalôto.

Sobre a inclusão do compositor português Carlos Seixas (1704-1742) no programa, o cravista afirmou: "Sendo português, quando me apresento no estrangeiro, e havendo esse interesse e possibilidade, tento incluir sempre que possível música portuguesa. Aqui em Israel pedem-me sempre algo português. Este concerto do Seixas, apesar de não ser o concerto dele mais conhecido, é uma obra absolutamente genial, sem comparação com nada do que se escrevia na altura (anos de 1730) na Europa".

Fernando Miguel Jalôto é mestre em Música pela Universidade de Aveiro e doutorando em Ciências Musicais na Universidade Nova de Lisboa. Foi um dos fundadores e é o diretor artístico do Ludovice Ensemble.

De 2007 a 2020 foi o cravista principal da Orquestra Barroca Casa da Música, no Porto.

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