Miguel Pinto Luz quer “acarinhar” os que “votaram no Chega”

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Derrotado num dos bastiões dos social-democratas, o dirigente do PSD considera que os partidos do centro democrático não souberam compreender os anseios de um milhão de portugueses.

O Chega venceu as eleições em Faro, precisamente o distrito onde o dirigente social-democrata Miguel Pinto Luz foi cabeça de lista pela AD. Contestado por vários membros do partido – que não ficaram confortáveis com a escolha imposta por Luís Montenegro – Pinto Luz não conseguiu manter o partido como líder da região.

Na sua ótica, e em entrevista ao jornal “Público”, o ex-candidato à liderança dos social-democratas afirma que “a explicação para o resultado em Faro e a nível nacional, para 1,1 milhões de portugueses votarem no Chega, é a mesma: a total ausência de políticas que resolvam os problemas desses nossos concidadãos”. Neste contexto, Pinto Luz considera que está aí um desafio a que os moderados têm de saber responder: “Isso é um desafio enorme para os partidos ditos moderados, do centro, como o PSD e o PS, que não foram capazes nas últimas décadas – e, por isso, o mea culpa tem de ser feito – de encontrar soluções para essas pessoas”.

“É dramático, devo dizê-lo”, confessou – sendo de recordar que Pinto Luz chegou a ser um dos social-democratas que consideravam a convergência entre o PSD e o Chega de André Ventura uma possibilidade a não escamotear. Em entrevista ao jornal “Expresso” há quatro anos, Pinto Luz afirmou não estar interessado em respostas “politicamente corretas” e manifestou abertura para essa convergência.

Usando argumentos que foram profusamente divulgados nessa altura, Miguel Pinto Luz afirmava que, se o então primeiro-ministro António Costa se permitia convergir com a esquerda radical – estando aparentemente neste grupo o PCP e o Bloco de Esquerda – então não fazia sentido que a direita colocasse a si própria ‘linhas vermelhas’ que não podia ultrapassar.

Na altura, vários comentadores afirmaram que Pinto Luz estava a fazer o mesmo caminho que era trilhado pelo Partido Popular em Espanha: mantendo-se como a principal voz da direita no país vizinho, não tinha conseguido resistir ao crescimento dos extremistas do Vox. Ao longo das legislaturas do socialista Pedro Sánchez, os dois partidos convergiram em várias regiões – como por exemplo na capital, Madrid – tendo ‘destruído’ a ‘cerca sanitária’ que envolvia o partido de Santiago Abascal. A evidência de que os conservadores de direita e a extrema-direita espanholas estavam em rota de convergência acabou, para já, por nunca se efetivar, uma vez que o Vox não conseguiu manter a dimensão que chegou a atingir – e nas últimas eleições, em julho passado, a soma de PP mais a extrema-direita já não era suficiente para formar um governo.

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