Milhão de crianças palestinianas necessitam de serviços de saúde mental

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Este número abrange 90% dos menores de idade que atravessaram a fronteira do enclave palestiniano em direção ao Egito, segundo a ONG.

"Os meninos e meninas palestinianos que fugiram para o Egito desde o início da guerra estão atormentados pelos horrores que viveram e sofrem de pesadelos, irritação, enurese e ansiedade", avançou a ONG, acrescentando que 60 mil pessoas e 5.500 médicos e pessoal hospitalar atravessaram a fronteira de Rafah em direção ao Egito.

A Save the Children recebeu mais de 500 pedidos de apoio psicossocial e de saúde mental para os civis que abandonaram a Faixa de Gaza, relatando que cerca de 90% destes pedidos são de menores de idade

Crianças que ficam perturbadas quando escutam ruídos fortes, não conseguem dormir ou são incapazes de irem sozinhas à casa de banho, segundo a ONG.

"Estão retraídos e não demonstram qualquer sinal de emoção. A exposição prolongada à guerra e à incerteza pode provocar um estado de 'choque tóxico'", assinalou a organização que, no entanto, admitiu a capacidade de recuperação das crianças com menos idade.

"Os meninos e meninas de Gaza sofreram danos mentais inimagináveis. (...) Atormenta-os a incerteza de não saber onde estão os seus entes queridos em Gaza e o que lhes pode ter acontecido", indicou Laila Toema, psicóloga e assessora técnica de saúde mental e apoio psicossocial da Save the Children no Egito.

A mesma representante frisou ainda: "Apesar daquilo que passaram, as crianças são resistentes, e sabemos por experiência (...) que podem recuperar quando lhes proporcionamos apoio (...) e os ajudamos a recuperar a sensação de estabilidade, normalidade e segurança".

Neste sentido, a ONG pediu um "aumento urgente" da ajuda internacional para enfrentar as necessidades a curto e longo prazo para os deslocados no Egito, em particular para os menores de idade.

A Save the Children insistiu num cessar-fogo imediato e recorda que as crianças "continuam a ficar mutiladas" e são vítimas de lesões físicas "com poucas opções de atenção e tratamento médico", enquanto em outros casos os problemas de saúde mental "vão para além do ponto de rutura".

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

Rafah (sul), na fronteira com o Egito, é o principal ponto de passagem da ajuda humanitária para Gaza e onde se refugiaram mais de um milhão de deslocados palestinianos oriundos de outras zonas do território.

Apesar dos apelos internacionais, Israel mantém a ação militar em Rafah, onde diz que estão as últimas unidades ativas do grupo extremista palestiniano Hamas.

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