Moçambique decreta luto de três dias pela morte de quase cem pessoas em naufrágio

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"O Conselho de Ministros da República de Moçambique decidiu decretar luto nacional de três dias, a partir das 00:00 do dia 10 de abril de 2024 até às 24 horas do dia 12 de abril de 2024", disse o porta-voz do Governo, Filimão Suaze, em conferência de imprensa após a sessão semanal do executivo.

"Durante o período de luto nacional, a bandeira nacional e o pavilhão presidencial serão içados a meia haste, em todo o território nacional e nas missões diplomáticas e consulares da República de Moçambique", acrescentou Suaze.

O Conselho de Ministros decidiu ainda criar uma comissão de inquérito para aprofundar as circunstâncias, causas e responsabilidades em relação ao acidente e submeter recomendações ao Governo, avançou.

Em relação à desinformação sobre a cólera que levou a uma fuga das pessoas vítimas do naufrágio - com destino à Ilha de Moçambique -, o porta-voz do Governo defendeu a "intensificação" das campanhas de educação e sensibilização das comunidades sobre as causas e tratamento da doença.

Entretanto, as Nações Unidas enviaram uma equipa para apoiar as autoridades moçambicanas e prestar ajuda aos sobreviventes e famílias afetadas pelo naufrágio que provocou a morte de 98 pessoas, no norte do país, anunciou a organização.

"Uma equipa que inclui representantes das Nações Unidas foi enviada para a área, para apoiar os esforços de resposta das autoridades nacionais e para prestar apoio aos sobreviventes e às famílias afetadas por esta tragédia", disse a coordenadora residente das Nações Unidas e coordenadora humanitária para Moçambique, Catherine Sozi, em comunicado divulgado hoje.

"As Nações Unidas estão prontas para ajudar Moçambique e reiteram a sua vontade de apoiar o Governo na sua resposta a desastres", afirmou Sozi.

O dono e um responsável pela embarcação estão detidos, disse hoje à Lusa a porta-voz da polícia em Nampula, Rosa Chaúque.

Os dois "já tiveram atendimento médico e encontram-se, neste momento, sob custódia policial", declarou Chaúque.

O acidente matou 98 pessoas, incluindo 55 crianças, 34 mulheres e nove homens, havendo registo de 16 sobreviventes entre as cerca de 130 pessoas que seguiam a bordo.

De acordo com as autoridades marítimas moçambicanas, a embarcação de pesca não estava autorizada a transportar passageiros nem tinha condições para o efeito e as pessoas que transportava fugiam a um surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de 100 metros da costa.

O barco saía do posto administrativo de Lungo, no distrito de Mossuril, com destino a Nacala, tendo a bordo 130 pessoas.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que viveu muitos anos na província de Nampula, enviou uma delegação governamental, liderada pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, para prestar "ajuda aos sobreviventes, e seu encaminhamento, assim como para a investigação, a fim de se aferir as razões que deram origem a esta tragédia", anunciou na sua página do Facebook.

O ministro dos Transportes e Comunicações moçambicano anunciou na segunda-feira, num encontro multissetorial em Nampula para analisar este incidente, que as autoridades estão a fazer uma "reflexão" sobre este naufrágio, para "que isto nunca volte a acontecer".

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, oposição), Ossufo Momade, que é natural da província de Nampula, também se mostrou "profundamente consternado" com o naufrágio e pediu luto nacional.

"Exigimos que o Governo decrete luto nacional e que este momento seja reconhecido pelas autoridades como mais um sinal de negligência e falta de segurança públicas", escreveu Ossufo Momade, na sua conta oficial na rede social Facebook.

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