Moçambique. Pelo menos dois milhões de pessoas necessitam de apoio no norte

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Pelo menos dois milhões de moçambicanos necessitam de assistência humanitária em três províncias do norte, devido à insegurança e violência provocada pelos ataques terroristas, segundo dados das Nações Unidas, que apoiaram 1,5 milhão de pessoas em 2023.

Um relatório divulgado hoje pelo Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA, na sigla em inglês), com dados de janeiro a novembro de 2023, identifica como províncias mais afetadas as de Cabo Delgado, Nampula e Niassa, "devido ao impacto do conflito armado, da violência e da insegurança na região", que tem provocado a fuga das populações, após repetidos ataques.

"Em 2023, o Plano de Resposta Humanitária (HRP) no norte de Moçambique apelou a 513 milhões de dólares para atingir 1,6 milhões de pessoas", explica-se no relatório, acrescentando que estavam no terreno 89 organizações humanitárias coordenadas através daquele plano "para ajudar as pessoas necessitadas", um quarto das quais são Organizações Não-Governamentais (ONG).

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

No relatório do OCHA acrescenta-se que, até novembro, "aproximadamente 1,5 milhão de pessoas no norte de Moçambique receberam alguma forma de assistência humanitária, incluindo ajuda alimentar". Deste total, 855.997 eram crianças, que receberam algum tipo de assistência ou apoio.

"Contudo, se forem excluídas as intervenções de ajuda alimentar, o número de pessoas alcançadas diminui para aproximadamente um milhão. Os parceiros de Segurança Alimentar e Meios de Subsistência reportaram o nível mais elevado de realizações (120%). No entanto, existe uma lacuna considerável entre a ajuda alimentar e as intervenções nos meios de subsistência, tendo estas últimas atingido 12% da meta", lê-se no relatório.

No mesmo documento acrescenta-se que, desde abril de 2022, com exceção dos meses de dezembro do mesmo ano e janeiro de 2023, foram distribuídas metade das rações alimentares para cobrir um maior número de casos causado pelo aumento do número de repatriados.

No final de novembro de 2023, o plano de resposta estava financiado apenas a 36%, tendo recebido aproximadamente 184,3 milhões de dólares e "foram recebidos mais 50,8 milhões de dólares fora do quadro do PRH".

No relatório detalha-se que 1,1 milhão de pessoas naquelas três províncias tinham necessidade de cuidados de saúde e que só foi possível chegar a 651 mil, enquanto 511 mil apresentavam necessidade de nutrição, tendo a cobertura chegado a 333 mil.

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