Moçambique quer que estudantes formados em Portugal sejam "agentes de mudança"

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"O país investiu diretamente em vós no meio de tantas dificuldades e (...) de tantos jovens que gostariam de ter esta oportunidade e é necessário da vossa parte dar o sinal positivo (...), sendo agentes de mudança no espaço em que estiverem inseridos", disse Mety Gondola, em Maputo, durante a receção do grupo de estudantes formados em Portugal.

Os 27 estudantes moçambicanos vítimas do conflito armado no norte de Moçambique são das províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula e fazem parte de um total de 70 jovens selecionados para uma formação em Portugal.

Este primeiro grupo frequentou cursos técnico-profissionais no Instituto Politécnico de Leiria entre 2022 e 2024, no âmbito de um projeto do Governo moçambicano para o "alargamento das oportunidades de formação" de jovens vítimas dos ataques armados em Cabo Delgado.

Trata-se de uma parceria entre o Governo moçambicano, a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), Instituto de Bolsas de Estudo (IBE) de Moçambique e o Banco Mundial.

O secretário de Estado disse que o Governo vai continuar a investir no país, apesar dos ataques armados registados no norte, pedindo a colaboração de todos no combate à insurgência.

"Ainda que nos ataquem, ainda que procurem fragilizar-nos, não nos vamos render enquanto povo e não vamos deixar de investir em nós porque acreditamos que iremos ultrapassar esta fase difícil e lá no futuro estaremos cada vez melhores", disse Mety Gondola.

Os estudantes agradeceram a oportunidade, apelando para que mais jovens concorram às bolsas de estudo.

"Espero contribuir com aquilo que aprendi para o desenvolvimento não só da província, mas do país", disse Raquel Maximino, de Cabo Delgado, uma das estudantes regressadas e que frequentou o curso de comunicação digital.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

O conflito já fez um milhão de deslocados, segundo dados das agências das Nações Unidas, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos da organização não-governamental Projeto de Dados sobre a Localização e Eventos de Conflitos Armados (ACLED, na sigla em inglês).

Além das forças governamentais moçambicanas, combatem a insurgência em Cabo Delgado as tropas do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, no perímetro da área de implantação dos projetos de gás natural da bacia do Rovuma.

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