Moda: Há 100 anos, a saia veio de França e subiu

4 meses atrás 63

Ainda antes de os poetas franceses Charles Baudelaire e Stéphane Mallarmé elegerem a moda como musa inspiradora, João de Almeida Garrett dedicou a sua prosa ao fenómeno que haveria de marcar a definição da modernidade. Em 1822, em colaboração com Luís Francisco Midosi, Almeida Garrett escrevia em “O Toucador”, um “periódico sem política”, o primeiro do género que se conhece publicado em Portugal, no qual o escritor analisa e enaltece as modas, sobretudo as vindas de Paris. A identidade cultural da capital francesa está intimamente ligada à moda e ainda hoje esta ressonância se faz sentir. Foi em Paris que surgiu a ideia de cultura de moda (a moda enquanto conceito transversal a diversas áreas, que não apenas o vestuário) e a sua repercussão em Lisboa foi particularmente expressiva na década de 20. A moda passou a atravessar a vida urbana e a relação do homem com a cidade. Foi introduzido o conceito do vestuário como afirmação de personalidade: os dândis (como Baudelaire, Almeida Garrett ou o Conde de Farrobo) desfilavam pelas ruas, chamando a atenção dos transeuntes com quem se cruzavam pela sua indumentária, mas também pela sua atitude. Mallarmé, que criou a revista “La Dernière Mode” (1874), via a efemeridade da moda como o grande símbolo da vida moderna. O pensador alemão Walter Benjamin considerava a moda — a cultura de moda — como o símbolo da vida moderna e do seu ritmo acelerado, a que chamou “novas velocidades”.

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