Modelo assente em ULS coloca desafios de integração e aproveitamento eficiente de recursos

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A importância acrescida da ULS no SNS significa mais comunicação entre serviços diferentes e um modelo de capitação, ainda que não puro, coloca o foco na prevenção da doença, dada a necessidade de aproveitar os recursos da forma mais eficiente possível.

A passagem para um modelo de saúde assente em Unidades Locais de Saúde (ULS) obriga a uma maior comunicação entre culturas diferentes, colocando um desafio aos gestores de aproveitar os recursos existentes de forma mais eficiente, focando na prevenção da doença, em vez de no tratamento. No contexto de um modelo essencialmente capitativo, a eficiência na alocação de recursos ganha uma importância acrescida, embora, no caso nacional, a escolha tenha recaído num “modelo de capitação aditivado”.

O seminário ‘Desafios para o Sistema de Saúde’, realizado esta quarta-feira na AESE Business School, foi o mote para discutir a gestão e estratégia para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) numa altura em que as falhas do sistema têm vindo a ser debatidas e colocadas no topo das prioridades governativas para a próxima legislatura. A transição para um modelo em que as ULS assumem uma importância acrescida apresenta várias vantagens, mas também desafios relevantes à gestão, como referiram os oradores da mesa redonda “Presente e Futuro do SNS: Linhas estratégicas e gestão”.

“A nossa ideia para o investimento no SNS é dar ferramentas aos gestores para transformar todas estas novas ULS em casos de sucesso”, começou por referir Rita Moreira, membro do conselho de gestão da direção executiva do SNS, reconhecendo que o investimento nesta área “não é fácil de ver nem contabilizar”.

“Isto é impossível de fazer tudo num ano. Toda a gente quer mudar, mas quem quer fazer a mudança?”, questionou.

A ideia principal da transição, argumentou, é “devolver à saúde e à economia pessoas saudáveis”, uma visão secundada por Miguel Paiva, presidente da ULS de Entre Douro e Vouga, EPE.

“O nosso modelo de financiamento é capitativo, o que obriga […] a que as pessoas consumam menos: quanto menos consumirem, melhor resposta consigo dar com os mesmos recursos”. A prioridade terá de ser, portanto, a prevenção.

“Ou conseguimos alocar mais recursos ao sistema, ou conseguimos aproveitar melhor os que temos. Foi nessa utilização eficiente do dinheiro que temos estado concentrados, nomeadamente nas ULS”, acrescentou Maurício Alexandre, diretor de contratualização da direção executiva do SNS. No entanto, um “modelo de capitação puro não responde às necessidades diversas” da população, pelo que a escolha recaiu sobre “um modelo de capitação aditivado”.

Com o sistema em crise, “uma reforma profunda cria esperança” nos utentes, defende Miguel Paiva. Por outro lado, levanta o desafio de “provar que gerir num modelo de integração de cuidados é melhor do que num modelo de especialização”. Como tal, é “necessária muita comunicação entre os serviços e a forma de comunicar não é a mesma, a linguagem, indicadores ou estímulos”.

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