"O Ministério da Justiça apresentou perante o tribunal de Chisinau uma solicitação para aplicar a cláusula da lei de partidos políticos relativa à restrição das atividades do partido Chance por um prazo de seis meses", referiu uma nota oficial.
A ministra da Justiça, Veronica Mihailov-Moraru, tinha advertido o Chance de que enfrentaria sanções caso não apresentasse um relatório sobre as suas despesas durante a campanha das eleições municipais de novembro.
As autoridades excluíram o Chance dois dias antes dessa votação.
Este partido foi fundado após a dissolução do Shor, justificada na ocasião por "motivos de segurança nacional" e numa alusão às acusações de ingerência da Rússia na Moldova.
O chefe dos Serviços de Informações e Segurança (SIS) da Moldova, Alexandru Musteata, denunciou na altura "atividades para influir nos processos eleitorais com o objetivo de promover os interesses do Estado estrangeiro, Rússia, através do grupo criminal organizado liderado por Ilan Shor", oligarca moldavo fugitivo, condenado à revelia por Chisinau por fraude e atualmente a residir em Israel.
Em meados de abril, a oposição moldava pró-russa, incluindo o Chance, promoveu um congresso extraordinário em Moscovo onde anunciou a formação de um bloco eleitoral na perspetiva das próximas eleições presidenciais de 20 de outubro, que coincide com um referendo sobre o ingresso na União Europeia (UE).
Ilan Shor, condenado a 15 anos de prisão por roubo em 2014 de mil milhões de dólares (cerca de 925 milhões de euros, ao câmbio atual) do sistema bancário moldavo e lavagem de dinheiro -- acusações que sempre negou --, presidiu ao congresso e apresentou-se como o líder deste bloco eleitoral.
O Shor e o Chance opõem-se à integração da Moldova na UE e defendem o reforço das relações políticas e comerciais com a Rússia.
Nos últimos anos, o Governo moldavo tem-se focalizado no combate à influência russa na política e na sociedade do país balcânico, em particular através da proibição do partido Shor e na restrição dos "media" considerados próximos do Kremlin.
Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, a Moldova situa-se entre a Roménia e a Ucrânia.
A região separatista moldava da Transnístria ganhou destaque após o início da guerra na Ucrânia devido aos laços com a Rússia e à sua importante posição geoestratégica.
Kiev chegou mesmo a denunciar alegadas incursões russas na Ucrânia ocidental a partir da região separatista.
A Rússia mantém um contingente de 1.500 soldados na Transnístria, cujos separatistas pró-Moscovo controlam o território desde a guerra civil na Moldova, em 1992.
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