Montenegro desafia Pedro Nuno a ser “consequente” e não acredita que PS queira “adulterar” OE na especialidade

1 hora atrás 18

19 out, 2024 - 12:06 • Susana Madureira Martins , Manuela Pires

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, diz não acreditar que o líder do PS, Pedro Nuno Santos, queira ao mesmo tempo viabilizar o Orçamento do Estado (OE) e “adulterá-lo ou descaracterizá-lo” na fase de discussão na especialidade.

Nas primeiras declarações aos jornalistas, à chegada ao Fórum Braga, para o arranque do Congresso do PSD, o primeiro-ministro, Luís Montenegro diz acreditar na “palavra” de Pedro Nuno Santos, mesmo depois da posição manifestada pelo secretário-geral do PS de que se sente “livre” para se posicionar como entender na votação do OE na especialidade.

De salientar que Pedro Nuno Santos, na entrevista que dá este sábado ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público, avisa mesmo que o facto de o PS viabilizar o documento do Governo não significa que aceite tudo o que o diploma contempla.

Isto implica que, por exemplo, uma medida como a descida do IRC, considerada essencial pelo Governo, pode estar em risco e ser chumbada pelos socialistas na fase de discussão na especialidade.

A Renascença sabe que essa é uma possibilidade que Pedro Nuno Santos não descarta, considerando-se “livre” para votar como achar melhor, tendo em conta que não houve acordo com o Governo.

Ora, Montenegro à chegada a Braga garante que não acredita “nisso, sinceramente”, pelo contrário, acredita na “palavra daquilo que são os principais responsáveis políticos, aqueles que ainda por cima têm responsabilidades acrescidas”, lançando uma farpa a Pedro Nuno Santos.

Para o primeiro-ministro e líder do PSD, nem sequer é “edificante lançar sobre o secretário-geral do Partido Socialista esse anátema de que ele vai ter uma escondida pretensão agora de aproveitar o trabalho da especialidade na Assembleia da República para contrariar aquilo que ele disse que faria em nome do Partido Socialista”.

Montenegro agarra-se, assim, à posição de princípio de Pedro Nuno de viabilizar o OE, com o compromisso de que as metas orçamentais serão cumpridas, relativizando eventuais posições do PS que “descaracterizem” o diploma.

Sempre foi esse, de resto, o receio do núcleo duro do Governo e do PSD, com o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, a acenar com o fantasma de eleições antecipadas na entrevista de agosto ao programa Hora da Verdade da Renascença e do Público.

“Se [o OE] desvirtuar, obviamente que o Governo terá de perguntar aos portugueses se aceitam ter um Orçamento que, primeiro, possa pôr em causa o equilíbrio das contas públicas e, segundo, um Orçamento que não reflete aquilo que foi o programa eleitoral”, avisou Miranda Sarmento.

Montenegro à entrada do Congresso de Braga, e já depois de ter a viabilização do OE garantida, tenta chamar Pedro Nuno para dentro da estratégia do Governo e desafia o líder socialista a ser “consequente” com a opção que tomou.

“Acho que nós devemos respeito uns aos outros”, começou por dizer o primeiro-ministro. “Acredito que o secretário-geral do Partido Socialista tomou a decisão que ele entendeu mais correta, tomou-a consciente, tomou-a com sentido e responsabilidade e, naturalmente, será consequente com isso”.

Ou seja, para o Governo, se Pedro Nuno Santos aceitou beber o cálice orçamental, agora tem de bebê-lo até ao fim sem interrupções na especialidade.

Ciente de que pode ter de mexer no xadrez político perante eventuais surpresas do PS na fase de discussão do OE na especialidade, o primeiro-ministro avisa: “Obviamente que a realidade política é sempre ajustada porque nós não estamos na arena política sozinhos e, portanto, isso é normal".

Ler artigo completo