Montenegro e a apneia orçamental

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ANÁLISE CONGRESSO PSD

20 out, 2024 - 16:11 • Susana Madureira Martins

A entrada direta de Leonor Beleza na cúpula da direção do PSD poderá ser a melhor notícia que Marcelo Rebelo de Sousa podia ter saída deste Congresso de Braga.

O medo de um desastre no Orçamento do Estado na especialidade ficou como que congelado durante os dois dias de Congresso do PSD em Braga. Luís Montenegro só falou da possibilidade de o PS lhe estragar a festa à entrada do recinto logo no sábado, desafiando Pedro Nuno Santos a ser consequente com a decisão de viabilizar o documento. A partir daí não mais falou do assunto, optando por uma espécie de apneia orçamental. Não mexe, não respira, não hostiliza o PS, repeat.

“Olhar para trás, pensamento em frente”. A letra de uma música de António Variações bem pode ser o espelho dos dois dias de Montenegro em Braga. Ter o fantasma de uma redução do IRC barrada pelo PS na especialidade ou ter um novo orçamento socialista para executar é o horror vivo do PSD.

O que Pedro Nuno Santos dá com uma mão, tira com a outra e o facto de não querer negociar na próxima fase da discussão orçamental com o PSD é de tirar o sono ao líder social-democrata. Nas próximas semanas, pensamento em frente, será obrigatório tratar desse eventual desaire.

Chega no bolso, Moedas no bolso

Não dá para tratar já do berbicacho orçamental, vai-se tratando do resto. No encerramento do Congresso, Montenegro fez o que se pede nestas ocasiões: anunciou medidas para responder para dentro e para fora do partido.

De uma assentada, o líder do PSD secou o Chega de André Ventura ao anunciar a criação de dois centros de acolhimento de imigrantes ilegais e calou também Carlos Moedas que, há semanas, pedia reforço policial e mais videovigilância em Lisboa.

Correndo sempre em pista própria e fazendo aquilo que Montenegro não fez no Congresso – hostilizar o PS – o autarca da capital fica anestesiado pelo líder do partido. Afinal, foi Moedas quem levantou o Congresso de Braga depois de um discurso explosivo no sábado, fazendo de malhador-mor dos socialistas. Assunto tratado, pensamento em frente.

A Beleza de ter uma antena na São Caetano à Lapa

A entrada direta de Leonor Beleza na cúpula da direção do PSD poderá ser a melhor notícia que Marcelo Rebelo de Sousa podia ter saída deste Congresso de Braga. A ex-ministra da Saúde e atual conselheira de Estado pode ser a solução para um Presidente da República que já se queixou que Luís Montenegro não é influenciável, nem mostra o jogo a Belém.

Sendo muito próxima de Marcelo, a primeira-vice-presidente, se cumprir, de facto, esse papel de dirigente social-democrata e não for mera personagem simbólica do Cavaquismo, pode ser a antena que faltava ao Presidente na São Caetano à Lapa, sede do PSD.

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